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quarta-feira, abril 14, 2021

Pizza fria

 



PIZZA FRIA

Quase meia noite, ela ouve um barulho da cozinha. Olhou da porta do seu quarto e viu que era sua mãe. Era 31 de dezembro, mas a doença da mãe impediu comemorações. E somando as restrições devidas à pandemia, nem tinham clima para isso. 

O pai estava dormindo. Sono pesado, de quem já viveu e trabalhou muito nos quase 84 anos de vida e luta.

Foi para a cozinha e resolveram dividir as três fatias de pizza que tinham sobrado do lanche feito mais cedo. E comeram assim mesmo, frias, acompanhadas pelo suco de uva, já que a mãe não gostava e nem podia tomar bebidas alcoólicas. 

Passaram a meia noite ali mesmo. E sozinhas na cozinha viveram muito provavelmente o último réveillon que dividiriam. O sentimento era de paz. 

Na mesa, pizza fria e suco de uva, o pão e o vinho da sua última ceia.

 


Marcia Carvalho

Teresópolis, 04 de abril de 2021

(Escrevi este texto enquanto minha mãe estava na última das muitas internações hospitalares que teve desde  março de 2020. Este relato não é ficção.)

quinta-feira, dezembro 31, 2020

Esperançar

 


"É preciso ter esperança. Mas tem que ser esperança do verbo esperançar. Porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. Esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperança é a capacidade de olhar e reagir àquilo que prece não ter saída. Por isso, é muito diferente de esperar; temos mesmo é de esperançar."

Sempre que passamos por uma dia marcante, como aniversário ou a noite de passagem de ano, mesmo sem querer temos a tendência de achar que no dia seguinte tudo vai ser diferente. E na imensa maioria das vezes, não é. Mudar de ano não significa que tudo vai estar novo no dia seguinte. Mas devolve as nossas esperanças de dias melhores. 

2020 foi um ano muito diferente de todos os outros anos para nós. Pareceu que estávamos num daqueles filmes pós apocalípiticos, tentando sobreviver. Um ser tão pequeno que nem consegue ser visto em um microscópio comum virou o mundo de cabeça para baixo: o Sars-Cov-2, um vírus, chegou e nos tirou até o direito de abraçar aqueles que amamos mas que não moram conosco. 

Tivemos que suportar a saudade dos amigos, enfrentar o medo quando saíamos na rua, nos vimos no meio de máscaras e álcool em gel, tentando nos proteger e proteger os nossos amados. Perdemos tanta gente querida para esse vírus. Talvez tenha sido um dos anos mais tristes que vivemos.

Por outro lado, coisas boas também aconteceram. Reconhecemos que precisamos dos nossos amigos e inventamos novos jeitos de estar juntos sem estar perto. Redescobrimos como a Arte é importante na nossa vida: ouvimos mais músicas e vimos mais filmes, já que não nos restaram muitas opções de lazer. Percebemos mais do que nunca como os profissionais de saúde e da educação são fundamentais na nossa vida.

Muita gente usou esse tempo para aprender algo novo. Muita gente não conseguiu, e não tem problema algum nisso: estamos no meio de uma pandemia, não de um retiro espiritual. 

Amanhã, quando 2021 começar, acho que todos gostaríamos que acordássemos com céu azul, brisa no rosto e o fim desse pesadelo. Mas não vai ser assim. O céu azul e a brisa talvez apareçam. Mas o pesadelo vai continuar.

Só que assim como o mocinho daqueles filmes que falei lá em cima, apesar do cansaço e das dores, estaremos ainda buscando o sonho, porque sem esperança a gente não vive.

Que todos nós tenhamos um 2021 cheio de esperança e de realizações!


Marcia Carvalho,

                                                                           Teresópolis, 31 dez 2020


P.S.: o texto que começa esta reflexão é do livro Pedagogia da Esperança, de Paulo Freire


Nós também estamos no IG: www.instagram.com/eu.pensandocomigomesma


terça-feira, dezembro 29, 2020

O lago


 Lago das Fadas, Floresta da Tijuca, RJ, 2008
foto: arquivo pessoal


Quando conseguiu avistar o lago entre as árvores e os arbustos, não tinha muita certeza de como chegara até ali.

No momento que inspirou mais fundo, sentiu a umidade enchendo o seu peito. E junto com ela, um arrepio percorreu o seu corpo.

Lembrou-se do arrepio que sentiu anos atrás, quando viu o mesmo lago pela primeira vez e tocou sua água fria. Tinha sido apenas um toque rápido: a água fria encostou em seus pés e, num susto, se retraiu.

A emoção daquele arrepio permaneceu em uma das suas gavetas de lembranças, aquela que não era muito mexida, porque era repleta de impossibilidades.

Mas a umidade do lago abriu a gaveta: continuava cheia de cheiros, sensações, lembranças... E de impossibilidades: umas antigas, outras nem tanto. Algumas, tais como pequenas mariposas, voaram gaveta afora e se esvaneceram no ar, deixando um quase invisível rastro de poeira naquele minúsculo raio de sol que entrou por uma fresta da janela mal fechada.

E olhando o lago, sentou-se na sua margem, abraçou as pernas e ficou observando as libélulas que davam seus pequenos mergulhos na água, desejando, por um instante ter a mesma coragem.

 

Marcia Carvalho,  

Teresópolis, dezembro 2020 

 


segunda-feira, setembro 28, 2015

SEGURA A ONDA, DORIAN GRAY




Hoje é meu aniversário: 46 anos!
E é assim que eu me sinto: cada vez mais bela, cada vez mais velha, cada vez mais linda.

Mas não da mesma forma que encarava esses conceitos quando tinha 20 ou 30 anos.
Desde que fiz 40 anos, encaro a vida com mais leveza, sem cobranças desnecessárias aos outros e, principalmente, a mim mesma.

Se antes "dava um boi pra não entrar numa briga e uma boiada pra não sair dela", hoje dou o boi e a boiada para evitar conflitos desnecessários. Com isso, guardo energia para batalhar pelo que realmente importa.

Não perco mais o meu tempo fazendo mais do que posso para tentar agradar aos outros: aprendi a respeitar os meus limites, sem me sentir culpada por isso.

Continuo tentando fazer da simplicidade o meu modo de vida. Cansei de coisas complicadas, cansei de quem complica as coisas. E mais ainda: cansei de eu mesma complicar o que pode ser simples.

Sigo em frente, tentando demonstrar meus pensamentos e meu modo de ver a vida com sinceridade, mas sem perder a doçura. Porém, continuo humana: de vez em quando baixa um azedume, do qual me esforço para me livrar, e nem sempre consigo.

Hoje é dia de celebrar!
E de agradecer ao Eterno por sua intensa generosidade comigo, principalmente nos últimos tempos.
Ainda tenho muito chão pela frente, muito a conquistar... Mas consigo olhar para trás e entender o caminho que me fez chegar até aqui. E olhar pra frente e ver que a estrada está apenas começando.

Então, vambora!


PS.: A frase da imagem que abre este texto é da música "Segura a onda, Dorian Gray", que pode ser ouvida aqui:






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quinta-feira, janeiro 01, 2015

CONSELHOS PARA 2015 - Ed René Kivitz


Fim de um ano é sempre cheio de tradições: uma delas é fazer a famosa lista de metas para o ano que se inicia - e que geralmente não se cumpre.
Esta lista aqui foi feita pelo Ed René Kivitz, pessoa que eu conheço e admiro há muitos anos.
Não fui eu que fiz, mas como eu concordo com ela, vou considerá-la como minha.


Feliz 2015 para todos nós!


Conselhos para 2015
por Ed René Kivitz


#1
Não assuma compromissos do tipo "vou iniciar uma dieta", "vou começar alguma atividade física", "vou terminar o curso de inglês".  Esse tipo de coisa serve apenas para acumular culpa e frustração sobre os seus ombros.

#2
Não acredite nesse pessoal que diz que "sem meta você não vai a lugar algum". Pergunte a eles por que, afinal de contas, você tem que ir a algum lugar. Trate esses "lugares futuros imaginários" apenas como referência para a maneira como você vive hoje - faça valer a caminhada: se você chegar lá, chegou, se não chegar, não terá do que se arrepender. A felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai.

#3
Não faça nada que vá levar você para longe das suas amizades verdadeiras. Amizades levam um tempão para se consolidar e um tempinho para esfriar, pois assim como a proximidade gera intimidade, a distância gera esfriamento e fragiliza os vínculos.

#4
Não perca tempo discutindo religião, política e futebol. As paixões moram numa nuvem que os argumentos não alcançam.

#5
Não fique arrumando desculpas nem explicações para as suas transgressões. Quando cometer um pecado, assuma, e simplesmente diga "minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa" e "fiz sim, me perdoe". Comece falando com Deus e não pare de falar até que tenha encontrado a última pessoa afetada pelo que você fez.

#6
Não faça nada que cause danos à sua consciência. Ouça todo mundo que você confia, tome as suas decisões e assuma as responsabilidades. Não se importe em contrariar pessoas que você ama, pois as que também amam você detestariam que você fosse falso com elas ou se anulasse por causa delas.

#7
Não guarde dinheiro sem saber exatamente para que o está guardando. Dinheiro parado apodrece e faz a gente dormir mal. Transforme suas riquezas em benefícios para o maior número de pessoas. É melhor perder o dinheiro que ocupa seu coração, do que o coração que se ocupa do dinheiro.

#8
Não deixe de se olhar no espelho antes de dormir. Caso você não goste do que vê, e isso se repita muitas vezes, não hesite em perder a noite de sono para planejar o que vai fazer na manhã seguinte. Ao se olhar no espelho ao amanhecer, lembre que com o sol chega também a misericórdia de Deus: a oportunidade de começar tudo de novo.

#9
Não leve mágoas, ressentimentos e amarguras para o ano que vem. Leve pessoas. Sendo necessário, perdoe ou peça perdão. Geralmente aos duas coisas serão necessárias, pois ninguém está sempre e totalmente certo. Respeite as pessoas que não quiserem fazer a mesma viagem com você.

#10
Não deixe de se perguntar se existe um jeito diferente de viver. Não acredite facilmente que o jeito diferente de viver é necessariamente melhor do que o jeito como você está vivendo. Concentre mais energia em aprender a desfrutar o que tem do que em desejar o que não tem.

#11
Não deixe o trabalho e a religião atrapalharem sua vida. Cante sozinho. Leia poesia em voz alta. Não tenha pressa de deixar a mesa após as refeições. Pegue crianças no colo. Ande sem relógio. Fuja dos beatos.

#12
Não enterre seus talentos. Nem que seu único tempo para usá-los seja de meia noite às seis. Ninguém deve passar a vida fazendo o que não gosta, se o preço é deixar de fazer o que se sabe. Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem cumpre a sua vocação.

#13
Não crie caso com sua mulher. Nem com seu pai nem com sua mãe. Nem com seu irmão nem com sua irmã. Caso eles criem caso com você, faça amor, não faça guerra. O resto se resolve.

#14
Não jogue fora a utopia. Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo se torne realidade.

#15
Não deixe a monotonia tomar conta do seu pedaço. Ninguém consegue viver sem adrenalina. Preste bastante atenção naquilo que faz você levantar da cama na segunda-feira: se for bom apenas para você, jogue fora ou livre-se disso agora mesmo. Caso não queira levantar da cama na segunda-feira, grite por socorro.

#16
Jamais se esqueça que a pessoa mais importante do mundo é aquela que está na sua frente. Não a que está no whatsapp, nem no facebook, nem no instagram.

#17
Não deixe de dar bom dia para Deus. Nem boa noite. Mesmo quando o dia não tiver sido bom. Com o tempo, você vai descobrir que quem anda com Deus não tem dias ruins, apenas dias difíceis.

#18
Não negligencie o quarto secreto onde você se encontra com seu eu verdadeiro e com Deus - ou vice-versa. Aquele quarto é o centro do mundo - o mundo todo cabe lá dentro, pois na presença de Deus tudo está e tudo é.

#19
Não perca Jesus de vista. Não tente fazer trilhas novas, siga nos passos dEle. O caminho nem sempre será confortável e a vista tão agradável, mas os companheiros de viagem são incomparáveis.

#20
Não caia na minha conversa. Aliás, não caia na conversa de ninguém. Faça a sua própria lista. Escolha bem seus mestres e suas referências. Examine tudo. Ouça o seu coração - geralmente é lai que Deus fala. Misture tudo e leve ao forno.

#21
Não fique esperando que sua lista saia do papel. Coloque o pé na estrada. Caso não saiba por onde começar, não tem problema. O sábio disse ao caminhante que "não há caminho; faz-se caminho ao andar".



Publicado originalmente em 2005, e levemente adaptado para hoje.
© 2014 Ed René Kivitz

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terça-feira, dezembro 30, 2014

LET IT GO! E QUE VENHA 2015!



É bem provável que eu seja uma das poucas pessoas do planeta que não viu Frozen, a animação sensação de 2014. E não vi por vários motivos. O primeiro é que acho "Let it go!", a música tema, insuportável. E o segundo, porque mesmo achando a música insuportável, resolvi tentar ver o filme: não consegui aguentar nem 15 minutos. E olha que eu amo animações!

Mas mesmo assim, decidi que o meu lema para 2015 vai ser "Let it go!"
Lei it go, deixa ir, deixa pra lá!

Já tenho tentado viver essa filosofia há algum tempo; para usar uma palavra que está bem na moda, praticar o desapego. Mas não me refiro ao desapego que coisas materiais (eu não sou nem consumista, nem materialista; coisas materiais me dizem muito pouco, mas muito pouco mesmo).

Quero continuar me desapegando de situações, atitudes e pessoas que não me fazem bem. Tentar viver mais leve, continuar não guardando rancores. Entender que ciclos se abrem e se fecham. Que alguns sentimentos são intensos, mas podem ser passageiros. Guardar no coração bons momentos e deixar ir o que doeu, machucou, magoou.

Sim, eu sou uma pessoa de bem com a vida, que gosta de ver o lado positivo das coisas, que prefere o riso à lamentação, que ri de si mesma. Mas quem me conhece bem sabe que eu não sou como um bobo da corte que acha que é engraçado, lindo, maravilhoso, digno de risadas: tenho meus momentos de tristeza profunda, de descrença, de dor, de choro. Só que aprendi a não me deixar dominar por eles.

Um amigo uma vez me disse, em um contexto completamente diverso, uma frase que ouvi e guardei com carinho. É uma frase do Nietzsche, que diz mais ou menos assim: "Se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você". Eu não quero que um abismo tome conta da minha alma, do meu coração, dos meus pensamentos. Não vou olhar para a tristeza um segundo a mais do que ela merece.

Mas também não vou jogar fora a minha bagagem: foi ela que me trouxe até aqui, me fez ser quem eu sou. Mas posso deixá-la mais leve se deixar ir a dor e só guardar o ensinamento trazido por ela.

2014 foi um ano muito intenso para mim, e me deixou com um baú enorme de boas recordações. E algumas delas são tão boas que mesmo que o momento tenha passado, ainda me fazem sorrir só de lembrar. Foi um ano de conhecer gente nova, reencontrar velhos amigos,consolidar algumas amizades. Como isso me fez bem!

E me fez bem fazer 45 anos. Olhar para trás e perceber o caminho que percorri até aqui. Olhar para frente e ver até onde eu quero ir - e saber que depois daquela curva ali na frente, tem mais um caminho que eu ainda não sei qual é. Olhar para o espelho e ver que o brilho nos olhos veio para ficar. Olhar para dentro e ver que a menina ainda mora aqui.

O melhor de tudo: termino 2014 sem arrependimentos dignos de nota. Vivi esse ano de forma consciente, em paz comigo e com os meus sentimentos, talvez como eu nunca tenha percebido antes.

O saldo de 2014 é positivo, com toda certeza.
E sei que o "Let it go!" tem muito a ver com isso.

Muito obrigada, 2014!
Muito obrigada por cada um que passou/cruzou/se fez presente em algum momento da minha caminha desse ano.

E que venha 2015!



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sábado, agosto 02, 2014

SARTRE, POR RUBEM ALVES



"Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: 'Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.' Pare. Leia de novo e pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você? Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim."

Rubem Alves


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quarta-feira, dezembro 18, 2013

SOBRE CICLOS, CORUJAS E BORBOLETAS


Ontem eu fui pela última vez ao antigo apartamento. Que mudança demorada essa! E na casa nova, caixas ainda esperam ser abertas...

É estranho fechar definitivamente a porta. Ainda mais num local onde morei por tanto tempo e onde vivi muitas histórias. Vivi, não: vivemos, no plural. A minha casa nunca foi só minha e da minha filha, mas de todos os amigos que passaram por lá.

Sempre gostei de ter a casa cheia, lembrança dos meus tempos de adolescência, onde a nossa casa era sempre o local escolhido para quase todos os encontros e reuniões e grupos de estudo. E foi assim que vivi no apartamento antigo: casa cheia, porta sempre aberta para os amigos.

Sempre vão estar na minha lembrança os momentos ali vividos!

As noites de jogos que começavam na sexta à noite e só terminavam no sábado de manhã... Academia, Imgem e Ação, Perfil, Máfia (nunca vou esquecer do dia em que a Mel, com apenas 8 anos e a única criança em um grupo de adultos, montou uma estratégia muito legal, enganou todo mundo e ganhou o jogo). Pra manter o pique, muita pizza e chimarrão... E muitas vezes, ainda terminávamos com uma sessão de filmes.

Os orkontros, facecontros, saraus, almoços e cafés - nossos pretextos para celebrar a amizade - recheados de música, poesia e, como não poderia deixar de ser, muita comida gostosa.

Os aniversários temáticos, onde fomos de Nárnia ao botequim... Momentos inesquecíveis, celebrando a vida com pessoas amadas.

Mas nem tudo era festa: os momentos de lágrimas divididas também aconteceram. E como foi bom ter com quem dividir dores, tanto as minhas como as dos amigos. Ninguém merece chorar sozinho!

O último ato foi tirar a Hermione da parede.
Hermione, a coruja que entrou ali por brincadeira e se tornou a marca registrada da casa: acho que ninguém aparece em tantas fotos, de tanta gente, como ela!
E seus olhos atentos de coruja acompanharam todos os nossos momentos e, quando foi preciso, guardaram os nossos segredos.

Não sei se ela volta para a casa nova. Afinal, um ciclo foi fechado e talvez ele deva permanecer nele, assim como os motivos da escolha daquele apartamento tão grande também ficaram.

A casa nova é pequena. Talvez não seja mais possível juntar tanta gente de uma vez só, mas ela vai continuar aberta para os meus amigos.

E quando um ciclo se fecha, outro se abre.
A coruja se foi, não sei se volta.

E que venham as borboletas!




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sexta-feira, novembro 29, 2013

PRAÇA XV





- O ponto final desse ônibus é na Praça XV? - foi o que ela me perguntou logo que sentou ao meu lado no ônibus.
- Não, ele passa por lá, mas o ponto final é na Tijuca.

E assim começamos a conversar. Ela mora em Niterói, tinha vindo ao dentista em Copacabana. Precisa tirar os sisos. Nasceu perto de Minas e já morou no Rio.

E naquela cumplicidade estranha que acontece entre desconhecidos, me contou que estava nervosa porque iria encontrar um rapaz com quem já estava conversando há algum tempo pela internet. Mas ressaltou que uma amiga dela o conhece pessoalmente há muito tempo.

Estava preocupada se o cabelo estava arrumado e comentou que o rapaz é careca. Rimos e chegamos à conclusão que ela estava em vantagem: mesmo que o cabelo não estivesse do jeito que ela gosta, pelo menos ela tem cabelo...

Calor, engarrafamento... e a ansiedade crescia nela. "Será que ele vai me reconhecer?"

O celular anuncia que chegara uma mensagem. Era ele, avisando que já estava chegando. E o nosso ônibus preso no engarrafamento. No olhar, um misto de timidez, curiosidade e nervosismo.

Finalmente, o ônibus chega ao ponto. Sorrimos e nos despedimos. "Boa sorte!"

Ela desce, com passos apressados. O ônibus sai. Eu nunca vou saber o fim da história. Mas meu coração se aquece e torce para que o encontro tenha sido feliz. Vou embora com um sorriso nos lábios e outro nos olhos.

quarta-feira, maio 08, 2013

EM SILÊNCIO




Sou transparente por essência. Quem me conhece um pouco, consegue ver nos meus olhos o que está no meu coração e nos meus pensamentos.

Mas eu também gosto de expressar em palavras, gestos e atitudes o que penso e, principalmente, o que sinto.

Às vezes, vejo o que uma pessoa fez, um olhar que deu, uma coisa que escreveu e a vontade é de telefonar, mandar sms no celular, dm no twitter ou inbox no face... só para dizer “ei, eu to aqui, tamo junto nessa!”

E algumas vezes eu faço isso. E em outras vezes, como hoje, me seguro e fico quieta no meu canto, porque não quero ser mal interpretada. E eu sei que esse meu jeito de gostar de cuidar das pessoas, de querer dar um abraço, de me colocar à disposição para ajudar, de gostar de pegar na mão e de olhar nos olhos e dizer que “você não precisa passar por isso sozinho, conte comigo!” pode ser interpretado de modo errado.

Então, aqui estou, me segurando para continuar quieta. Eu li o que você escreveu. Consigo imaginar o que você estava sentindo de madrugada. Se quiser alguém para compartilhar esse momento, você sabe como me encontrar.

Que Deus responda a sua oração.


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quarta-feira, março 20, 2013

OUTONO




Outono

Tempo de olhar para dentro, de refletir,
de deixar ir o que não é essencial:
para florir na primavera
é preciso sobreviver ao inverno.


Marcia Carvalho
(1º dia do outono de 2013,
Rio de Janeiro)




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quarta-feira, novembro 14, 2012

DIAS NUBLADOS



"Cariocas não gostam de dias nublados..." diz a música de Adriana Calcanhoto.
Bem, embora more na cidade do Rio de Janeiro, eu não sou carioca da gema... Nasci na Região Serrana do Estado, então, me declaro "carioca da clara". 

E como carioca da clara me dou o direito de amar dias nublados, dias chuvosos, ventos, tempestades. Não é coisa recente: desde bem menina, ficava horas colada na janela, observando a chuva forte que desenhava caminhos no vidro, os raios que desenhavam caminhos no céu, o vento que dançava com as árvores e ouvindo os grandes trovões, trilha sonora perfeita para os desenhos e a dança.

O Pequeno Príncipe disse que o deserto é bonito porque ele esconde um poço. Eu acho que o dia nublado é bonito porque ele esconde um sol. Dias nublados desaceleram as ruas, as pessoas, a alma.

E, com alguma sorte, o dia nublado ainda pode nos trazer um arco-iris...



(Hoje o meu coração está nublado e chuvoso. Vou caminhando na chuva, deixando que ela lave a minha alma e leve as lágrimas. Sei que o sol ainda está por aí, só escondido. E acredito que daqui a pouco o arco-íris vai colorir o céu.)





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sexta-feira, setembro 28, 2012

BALAIO MUSICAL 4.3 (27 - Aos Filhos de Libra)

E hoje, dia do meu aniversário, eu completo o meu balaio musical especial. Claro que muita coisa ficou de fora, mas seria impossível resumir tudo o que gosto no tempo que me propus.

Tem uma pessoa que não poderia deixar de estar aqui: Oswaldo Montenegro. Algumas músicas dele marcaram fases da minha vida. Bandolins, Sem Mandamentos, Estrelas, A Vida Quis Assim... e tantas outras! 

Resolvi terminar com "Aos Filhos de Libra", que ele fez para o musical "A Dança dos Signos". Não, eu não acredito em horóscopo e nem leio as previsões para o meu signo. 

Mas uma coisa é certa: tem muito de mim nessa letra aí! 




Era de Libra como a lua vista assim é cor de sal
Era de Libra como a luz das sete estrelas forma algum sinal
Era de Libra quando dá um passo atrás pra caminhar legal
Era a balança universal

Era a harmonia com o ritmo da vida e o carnaval
Era de Libra como a brisa quando passa e ondula o trigal
Mas tinha medo de saber que o jogo da verdade era fatal
Era a balança universal

Era de Libra e amava a paz e a justiça natural
Era de Libra pra poder unir a ideia ao seu material
O simbolismo da figura da mulher paixão arterial
Era a balança universal

Era de Libra como a valsa, o Antigo Egito e afinal
Era de Libra e tem a crença da beleza e do encanto geral
A natureza da firmeza e oscilação, a simpatia e tal
Era a balança universal




domingo, setembro 09, 2012

BALAIO MUSICAL 4.3 (12 - Tocando em Frente)

Uma das coisas que o tempo (a idade? a maturidade?) me trouxe foi a percepção de que, na maioria das vezes, ter pressa não nos faz chegar mais rápido. 

Percebi também que minha história tem que ser escrita por mim, e não por outras pessoas. A minha felicidade é um dom preciosos demais para ser colocada na mão de outra pessoa. E não é justo colocar tamanha responsabilidade em outras mãos que não as minhas. 

Que fique claro que não estou declarando a minha independência de Deus ou que amigos são dispensáveis. Muito pelo contrário: é pela graça de Deus e com a ajuda dos amigos que escrevo cada página da minha vida. É interessante, e meio triste, perceber que nem todo mundo que passa pela nossa história, muitas vezes participando de capítulos importantíssimos, continua nela. Mas, de qualquer forma, é importante saber que cada um que entrou na minha vida contribuiu para que eu seja quem eu sou, mesmo que tenha sido uma convivência curta ou até mesmo ruim.

No fim de tudo, o que vale mesmo é "conhecer as manhas e as manhãs, o sabor da Marcia e das maçãs..." 


sábado, dezembro 17, 2011

A VIDA É TÃO RARA!

Eu sempre gostei de circo. Quando criança, em Teresópolis, sempre que tinha circo eu e meus irmãos íamos ver  "o maior espetáculo da terra", o que, na minha concepção criança, não era exagero algum. Meu primeiro circo foi o Garcia, depois o Vostok... Lembro de fazer coro com as crianças: "Hoje tem marmelada? Tem sim, senhor! Hoje tem goiabada? Tem sim, senhor! E o palhaço, o que é? Ladrão de mulher!" Outros circos vieram, mas só me lembro do último que assisti lá, o do Marcos Frota. Cresci, mudei, e fui em outros circos... a última vez, há uns dois ou três anos, aqui na Praça XI, no Rio, um circo do qual esqueci o nome, mas que tinha um balé das águas... 


Mas, por que toda essa conversa de circo?






Em 1989 me mudei para Niterói. Conversando com algumas pessoas, soube que lá nunca tinha circo, pois a cidade tinha ficado traumatizada por uma tragédia ocorrida muitos anos antes, num circo que se apresentava lá. Ouvi alguns relatos curtos, que falavam do grande incêndio, do desespero da população, dos milhares de voluntários que se uniram para levar gelo e água aos hospitais onde os feridos estavam. Também soube que foi aí o surgimento do Profeta Gentileza, figura mítica aqui do Rio, que deixou sua marca pintada em painéis nos pilares dos viadutos próximos à Rodoviária Novo Rio: "Gentileza gera Gentileza.


Essa semana, zapeando a TV, descobri que o incêndio no Gran Circus Norte Americano em Niterói, a maior tragédia num circo no Brasil, completa 50 anos hoje, 17 de dezembro de 2011.


Em 50 minutos, quase 400 pessoas foram mortas no local, além de mais de 100 outras vítimas nos hospitais, entre queimados e pisoteados. O Estádio Caio Martins virou uma fábrica de caixões. Durante dias, pessoas doavam sangue, água, medicamentos, lençóis e gelo. Muitos corpos nunca foram reconhecidos e até hoje pessoas tentam saber notícia dos seus desaparecidos.


Por volta do ano 2000, eu estava morando mais uma vez em Niterói. E depois de tanto tempo, era a primeira vez que um circo estava lá. Muitos dos moradores mais antigos não quiseram ir, pois o trauma vivido ainda doía. Mas eu fui. E foi a primeira vez que a minha filha, com seus 4 anos, ia em um circo. Foi muito lindo ver os seus olhinhos brilhando com o que ela via, a carinha de susto e apreensão com os malabaristas e trapezistas, o riso solto com os palhaços.


As tragédias acontecem e com uma frequência muito maior do que podemos digerir, isso é fato. E se tem uma coisa que devamos aprender com elas é que devemos valorizar a vida, que, no seu sentido pleno, se torna cada vez mais rara. Afinal, o espetáculo não pode parar...


Desde o dia 15 já sabia que iria escrever algo hoje, no dia do "aniversário" do incêndio no circo. Mas nem de longe poderia imaginar que escreveria logo após receber a notícia do suicídio de um amigo.  


É, a vida é tão rara!




Nos links a seguir, história e depoimentos sobre o incêndio no circo e algumas fotos da tragédia em Niterói e matéria do JB de hoje, 17/12/2011, sobre o assunto.


Para quem quiser saber mais, o jornalista Mauro Ventura lançou recentemente o livro "O espetáculo mais triste da história", em que narra a tragédia do Gran Circus.


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sexta-feira, junho 11, 2010

AH, O AMOR...

Essa semana, visitando os blogs que sigo, cheguei no Folha Tremulante... , escrito pela minha amiga Simone, e encontrei um texto lindo, falando sobre amor. Gostei tanto que pedi autorização a ela e publico o mesmo aqui.




Ah, o amor... 
Silastie

Na próxima semana teremos a data brasileira para o dia dos namorados, não sei se por essa razão ou por nada muito específico resolvi escrever sobre o amor. A minha idéia de amor, talvez um pouco inusitada ou por demais romântica para muitos, mas é o que acredito que seja o amor verdadeiro.
 
Acredito em um sentimento tão raro e sublime que seria impossível não ser correspondido. Muito diferente do “gostar de alguém”, muito mais simples do que o “estar apaixonado”. 

Com o passar do tempo comecei a perceber que aquela idéia ingênua de que seria simples ter um relacionamento onde haja amor não é nada simples. E o que ouvi muitas vezes de amigos ou de mim mesma, querer alguém que apenas me ame e a quem eu ame. Isso é muito mais complexo que minha mente adolescente poderia possivelmente imaginar. Com o passar do tempo comecei a perceber que estar com alguém, seja casado ou namorando não significa que você ame ou seja amado. Sentimento é sempre algo bem controverso e é difícil em meio a um turbilhão de emoções você não acreditar verdadeiramente que está amando e finalmente encontrou o tão sonhado “amor da sua vida” até que o sonho acabe.

Não estou dizendo que não acredito no amor, muito pelo contrario sou uma romântica incurável. Não saberia duvidar dele nem por um minuto.

A questão é que nos últimos anos, especialmente depois dos 30, comecei a analisar mais de perto os relacionamentos de amigos, parentes e colegas, e cheguei a uma conclusão um pouco arrasadora... O amor, aquele genuíno, é um sentimento muito raro e são muito poucos os que realmente o encontram. Isso independe de estar solteiro ou casado, viver bem ou não no seu relacionamento. 

O que eu entendo por amor é um conjunto de coisas simples que acabam por forjar o mais complexo dos sentimentos.

Encontrar na ternura do olhar do outro o abrigo e refúgio para todo o mal, ao lado da pessoa amada sentir-se protegido. E ter o desejo intenso de proteger aquele a quem se ama de toda e qualquer dificuldade. 

Conseguir fazê-lo sorrir quando ele está cansado, e saber que o abraço que ele te oferecerá terá o mágico poder de fazer toda a dificuldade do seu atribulado dia ir embora.

Amar é querer andar de mãos dadas no parque, escrever bilhetinhos com palavras de carinho feito dois adolescente, isso independente da idade ou fase da vida na qual encontram-se. 

Quando se ama de verdade não importa o quão maravilhoso é o lugar onde se está, se o outro não estiver junto nada terá graça, porque no fundo você imagina que com aquela pessoa tudo seria mais divertido e mais bonito. Isso não significa que você pare de viver quando estiverem distantes um do outro, mas que acreditam que estar juntos é mais belo que qualquer outro prêmio.

Quem ama não consegue estar em um lugar legal e não lembrar da pessoa amada. Não pegar uma conchinha na areia da praia e levar de lembrança. 

Difícil não ver algo do qual o outro se agradaria e não lembrar instantaneamente da risada de satisfação que o outro daria se estivesse ali, e assim difícil não sorrir lembrando com ternura do seu amado distante e sentir aquela saudade que aperta o peito mas que ao mesmo tempo te traz alegria por saber que em breve estarão juntos novamente. 

Sabe quando você olha para a pessoa e vocês conseguem entender o que um e outro estão pensando e sem pronunciar uma única palavra os dois caem em uma gargalhada submersa em cumplicidade? Isso é amar.

Saber estar em silêncio e oferecer um abraço ou o ombro, e saber que poderá contar com isso quando você também precisar.

Ter uma musica secreta, que foi escolhida para embalar o romance. Ter prazer em dormir abraçado, ficar horas se olhando, perder-se no tempo enquanto conversam seja lá sobre qual assunto for. Não importa, o que vale é estarem juntos, rirem juntos, chorarem juntos, trocar juras de amor eterno. E acima de tudo entender que são abençoados e que foram agraciados com o mais sublime dos presentes, viver um grande amor.

Quem ama volta a ser criança, brinca de roda, de pipa, vai ao parque, come pipoca e algodão doce e tudo isso parece ser o programa mais divertido do mundo.

Quem ama também tem jantares românticos , regados a boa comida, bom vinho, boa conversa e muito carinho e ternura.

Outro dia ouvi o comentário de uma amiga, que na minha opinião encontrou esse amor de que falo. Ela disse algo como, depois de 12 anos ainda sinto um arrepio na espinha quando ele me beija. Quem ama de verdade guarda sempre o desejo dos primeiros dias de namoro, não importa o quanto o tempo passe ou o quanto fiquem juntos.

Quem encontra o amor verdadeiro terá sempre o melhor amigo no amado, pois tal cumplicidade não é possível ser encontrada em outra pessoa.
Quem ama de verdade espera sinceramente poder envelhecer junto, e entender que cada momento vivido ao lado da pessoa amada é muito, mas muito precioso...

“I could stay awake just to hear you breathing
Watch you smile while you are sleeping
While you're far away and dreaming

I could spend my life in this sweet surrender

I could stay lost in this moment forever

Every moment spent with you

Is a moment of treasure...” 
(Diane Warren)



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sexta-feira, janeiro 15, 2010

BONS PROPÓSITOS DE VERDADE PARA O NOVO ANO

Dando uma olhada nos blogs que sigo, achei esse texto do Pr. Carlos Novaes. Bem, conheço o Pr. Novaes há alguns anos, desde que ele pastoreou a igreja da minha mãe, a Primeira Igreja Batista de Teresópolis. E, num momento em que a minha família precisou, ele foi pastor mesmo, cuidando muito bem de cada um envolvido na situação.

Quando saiu de Teresópolis, ele começou a pastorear a Igreja Batista de Barão da Taquara, em Jacarepaguá, aqui mesmo no Rio de Janeiro.

Recomendo a todos uma visitinha ao blog do Pastor Novaes; sempre tem coisa boa por lá.


Boa leitura e boa reflexão!


 

BONS PROPÓSITOS DE VERDADE PARA O NOVO ANO
Carlos Novaes

As pessoas costumam estabelecer propósitos para cada novo ano. Porém, no mais das vezes, esses propósitos circunscrevem-se tão somente em torno de bens terrenos, lucros financeiros, ascensão social, aquisições materiais, realização profissional, conquistas sentimentais, e coisas semelhantes.

Basta conferir os templos e os cinemas transformados em templos repletos de gente que vai atrás apenas do aumento salarial, da promoção no emprego, da casa própria e da cura para os males físicos mais diversos. Gente que só quer saber de prodígios e maravilhas. Gente incapaz de se adequar à realidade e enfrentar os naturais sofrimentos do cotidiano, preferindo armar tendas nos montes da transfiguração, esconder-se nas cavernas da alienação religiosa e enfurnar-se nos santuários do fanatismo a venerar os altares de Mamom.

Para o ano que inicia agora, sugiro propósitos diferentes — que nada ou bem pouco têm a ver com nossos caprichos capitalistas, imediatistas e superficiais, ou que nenhum vínculo mantém com essa cultura medíocre dos shoppings, marketings e polishops. São, na verdade, propósitos essenciais para nos sentirmos mais seres humanos e menos mercadoria, mais almas livres e menos mentes manipuladas, mais corações crescidos e menos animaizinhos adestrados.

Vamos a eles. Não são tantos. Dá para contar nos dedos de uma das mãos.


1. Demonstrar amor a Deus, não apenas por meio de cânticos fervorosos ou discursos eloquentes, mas principalmente obedecendo a vontade divina e os ensinos da sua Palavra. Os princípios e valores do Reino de Deus são a maior riqueza que alguém pode obter. Se os tem, e vive de acordo com eles, sinta-se rico. 

2. Demonstrar amor ao próximo, colocando em prática uma recomendação muito simples do Senhor Jesus aos seus discípulos: façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam (Mateus 7.12). O contrário também é válido: não façam aos outros o que vocês não querem que eles lhes façam.

3. Tenha muito cuidado com o que você cultiva em sua mente. O sábio já advertia em Provérbios: acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida. Pensamentos de rancor e vingança levam a ações de rancor e vingança. Desejos impuros provocam atos impuros. Sentimentos egoístas conduzem a gestos egoístas. Visões deturpadas abrem portas para interpretações deturpadas. Dentro de cada um de nós há sempre um cão e um lobo medindo forças. Fica mais forte aquele que mais alimentamos.

4. Antes de fazer críticas, faça autocrítica. E seja tão sincero na avaliação de si mesmo, e de suas próprias intenções, como você costuma ser na avaliação dos outros. Depois, é só lembrar-se das palavras de Jesus Cristo: quem não tem pecado, atire a primeira pedra. Ou do velho ditado: quem tem telhado de vidro, não jogue pedras no do vizinho.

 5. Machado de Assis dizia que seu manual predileto de sabedoria era o livro bíblico do Eclesiastes: quando me afligem os passos da vida, vou a esse velho livro para saber que tudo é vaidade; quando fico de boca aberta diante de um fato extraordinário, vou-me ainda a ele para saber que nada é novo debaixo do sol. Viva da mesma forma sábia. 


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terça-feira, dezembro 29, 2009

NOVO ANO, NOVO TEMPO


Ao fim de cada ano eu reflito sobre o ano que está acabando e o que está para chegar, tento lembrar das conquistas e dos fracassos, ver onde eu acertei e onde poderia ter agido diferente... e definir os objetivos do próximo ano. Nada demais, muitas pessoas fazem a mesma coisa.

Bem, quando comecei a pensar nisso, vi que preciso começar a anotar as coisas que acontecem, porque tive que me esforçar para lembrar de algumas delas. Talvez por isso estou com o sentimento de que 2009 está com o saldo negativo. Então, resolução nº 2: comprar uma agenda nova e lembrar de anotar os fatos, bons ou não, para ter uma melhor avaliação do que vou viver em 2010. (A resolução nº 1 já estou colocando em prática: voltar às minhas caminhadas matinais, meu momento de exercício e reflexão diários.)

Realmente 2009 não foi um dos meus melhores anos, e deixou algumas feridas. Mas, como diz um amigo meu, é melhor se desiludir do que viver na ilusão; viver na ilusão é viver o irreal.

Mas coisas boas aconteceram, claro. Conheci pessoalmente muitas pessoas que só conhecia pela net; visitei lugares que ainda não conhecia; me aproximei de amigos especiais; pude ver de perto a final do Campeonato Brasileiro no Maracanã, com o Flamengo sendo campeão...

De tudo o que aconteceu, uma coisa ficou marcada, tanto nos bons quanto nos maus momentos: o cuidado de Deus comigo, nas mais diferentes formas: falando através da Palavra; falando de formas mais subjetivas, mas que foram confirmadas na Palavra; suprindo algumas necessidades de forma muito clara. O interessante foi perceber que mesmo nas situações onde a tristeza superou a alegria pude perceber muito claramente esse cuidado.

Em 2009, muitas coisas não deram certo. Mas as coisas não dão certo: nós é que fazemos com que elas deem certo, como diz um texto do Ed René Kivitz. Então, a resolução nº 0 para 2010 é fazer com que as coisas deem certo... e pedir sabedoria a Deus para ver que se algo parece que deu errado, na verdade também deu certo.

Ano novo, esperança nova, num tempo novo.






FELIZ 2010!
Que em 2010 sua vida dê certo!  






sábado, novembro 21, 2009

LEMBRANDO DE UM VELHO PREGADOR




Quase um mês sem escrever... estranho como tem horas em que escrever é fundamental e outras em que as palavras parecem não importar perto do que se sente.

Não foi a falta de tempo que me impediu de escrever. Nem a falta de assunto. Talvez, tenha sido a impressão que não conseguiria expressar o que estava sentindo só com as palavras. Pensei em colocar umas músicas, mas não achei uma que fosse o que eu gostaria.

Pra falar a verdade, ainda não achei nem as palavras, nem as músicas...

Nesses dias, vivi momentos de intensa alegria, de muito carinho, de saudade, de reflexão. Revi amigos que amo, deixei de ver outros que fazem uma falta enorme. Soube de amigos que conseguiram se livrar de acidentes feios e amigos que tiveram a casa assaltada.

Sei lá... a vida é muita curta pra se perder tempo fazendo conjecturas, procurando motivos e porquês. Me lembrei do autor de Eclesiastes, quando ele diz que "tudo acontece igualmente a todos: ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro, ao que oferece sacrifícios e ao que não os oferece, ao bom e ao pecador, ao que faz juramentos e ao que não faz" (Ecl 9.2).

O mesmo autor também nos diz "Alegra-te no dia da prosperidade, mas no dia da adversidade considera: Deus fez tanto um como o outro, para que o homem não descubra nada do que virá depois. Nesta minha vida absurda já vi de tudo: há o justo que morre apesar de sua justiça, e há o ímpio que tem vida longa apesar de sua maldade. Não sejas justo demais, nem sábio demais; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas ímpio demais, nem sejas tolo; por que morrerias antes do tempo?" (Ecl 7.14-17).

Lendo esses conselhos de alguém que parece que já viveu muito e por isso tem tanto a ensinar, penso que a vida devia ser mais simples, mais focada no hoje, sem perder de vista o futuro, mas sabendo viver o presente. E aí, outro texto de Eclesiastes cai como uma luva:  "Vai, e come com alegria o teu pão e bebe o teu vinho com coração contente; pois há muito tempo Deus se agradou do que tu fazes. (...) Desfruta a vida com a mulher que amas todos os dias desa vida de ilusão de Deus te deu debaixo do sol, sim, em todos os dias da tua vida de ilusão. Porque essa é a tua recompensa nesta vida de trabalho pelo que fazes debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o com todas as tuas forças, porque na sepultura, para onde vias, não há trabalho, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria." (Ecl 9.7,9,10).

Eu sempre gostei de simplicidade, mas não me dava conta disso. De um tempo pra cá, acho que faço isso de modo mais consciente. Tento ver o lado bom das coisas, embora nem sempre consiga. Decidi que é melhor engolir alguns sapos do que ter estresses desnecessários. Acredito que não há nada que se compare a estar com pessoas que amamos e que nos amam. Descobri que um puxão de orelha dado por um amigo de verdade é melhor que elogios vindos de falsos amigos e bajuladores. Aprendi que ter a alma mais leve facilita o caminhar. É claro que nem sempre é tudo assim tão simples... mas continuo achando que vale a pena tentar.



(Queria terminar com uma música, mas ainda não achei uma... assim que achar, eu posto aqui.)

quinta-feira, outubro 08, 2009

40 ANOS, parte final - AMIGOS SÃO ANJOS




Embora eu acredite que algumas coisas boas permaneçam para sempre, existem outras que uma hora acabam, né?

Aqui estou eu, finalizando a "série" dos 40 anos... Devo confessar que está acabando de um modo diferente do que eu gostaria, mas "infelizmente nem tudo é exatamente como a gente quer", como já disse há muito tempo Guilherme Arantes em Deixa chover (aliás, ontem pensei nessa música... hehehe).

O que importa é saber que a vida continua e que os amigos de verdade sempre estão presentes, seja pra rir com a gente ou ajudar a secar nossas lágrimas, dando um puxão de orelha ou fazendo um cafuné. Uma vez eu li que amigos são anjos! Que bom saber que eu tenho alguns anjos ao meu lado!

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