segunda-feira, abril 16, 2007

PARA QUE SERVE UMA RELAÇÃO?

Hoje recebi esse texto de uma amiga, a Andressa. Já o conhecia há algum tempo... é realmente muito interessante!

Eu sempre gostei dos escritos do Dráuzio... comecei lendo Carandiru, depois um livro meio autobiográfico sobre a infância passada num bairro de São Paulo, li também Por um fio, relato lindo de pessoas que estavam com sua vida por um fio...

Brigadão, Andressa!




Para que serve uma relação?
Drauzio Varela

Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.

Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara um omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.

Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo.

Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.


Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair.

Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

Se entendêssemos assim, não haveria tantas pessoas sozinhas...


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terça-feira, abril 03, 2007

MEU CORAÇÃO É FEIO!





Há algum tempo, ouvi uma história... Ela falava de um lugar onde todo mundo tinha o coração exposto, do lado de fora do peito. E eram vistos corações de todo o tipo: grandes, pequenos, macios, duros...

Naquele lugar morava um rapaz que se orgulhava de seu coração. Ele tinha o coração mais bonito dentre todas aquelas pessoas; um coração grande, forte, sem uma marquinha...

E naquele mesmo lugar morava um velho. E o coração do velho não era bonito. Pelo contrário: era feio, cheio de remendos, remendos de diferentes cores e aparência... até alguns pedaços faltando e feridas abertas aquele coração tinha. Definitivamente, era um coração feio!

Um dia, o rapaz e o velho se encontraram. O rapaz perguntou ao velho se ele não tinha vergonha de andar com aquele coração tão feio exposto.

O velho respondeu que aquele coração feio e remendado foi resultado da vida que ele levara. Cada remendo era um pedaço de um outro coração, sinal de que alguém passou por ali e deixou uma lembrança... cada ferida aberta, sinal de alguém passou por ali e só levou algo, sem deixar nada em troca... cada pedaço faltando, sinal de que algo foi dado pra alguém que precisava mais.

E terminou dizendo pro rapaz que feio era aquele coração tão perfeito, tão intocado, sinal de que ninguém tinha passado por ali, nem pra trocar, nem pra deixar, nem pra levar nada.

Hoje essa história me veio na cabeça. E ela me lembra uma coisa que ouvi há muito tempo, de uma amiga: “há pessoas que passam por nós e deixam um pouco de si; outras passam e levam um pouco de nós; algumas não passam, ficam”.

Fico pensando em como deve estar meu coração.
Certamente, ele não é como o daquele rapaz.

Tá cheio de remendos, sem dúvidas... tantas experiências, tantas trocas... Tanta coisa boa trocada... sinal de que alguns corações também levam um pedacinho do meu...

Pedaços faltando? Sem dúvida! Quantas vezes abri mão de uma coisa por saber que outras pessoas precisavam mais dela? Mas, com certeza, deve ter um ou outro coração por aí faltando um pedacinho que me foi dado...

Feridas abertas? Claro! Quem não as tem? Sinal de que alguém passou por aqui, arrancou o que precisava e nem se importou com mais nada... nem viu as lágrimas que causou... Mas como diz um amigo meu, isso é bíblico: dos dez leprosos, só um voltou pra agradecer...

Lágrimas molham meu coração constantemente. Tanto as que lembram que as feridas estão ali - e por vezes ainda doem - como as que lembram cada pedacinho que me foi dado, símbolo do amor que une as pessoas, sejam elas família, amigos ou alguém que só cruzou sua vida por um instante, mas que por algum motivo, se tornou especial.

É, sem dúvida meu coração é feio!
E como é bom saber disso!
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