terça-feira, novembro 22, 2011

AMOR NÃO É DOCINHO, BEBÊ

As redes sociais nos permitem entrar em contato e "conhecer" pessoas que, de outra forma, talvez nunca conhecêssemos

O Tom Fernandes é uma dessas pessoas, followed no Twitter e amigo no Facebook. Hoje, no seu blog "pequenos dramas", li um de seus textos e resolvi publicá-lo aqui. 

Boa leitura! E visitem o Tom, ele é crítico, divertido e acho que vocês vão gostar.





Tom Fernandes


O amor está em maus lençóis. A paixão se encontra banalizada, numa rima pobre com liquidação. Saudade é coisa que passa com prozac e uma webcam qualquer. Se a felicidade já é quase um direito fundamental do ser humano, já já garantido por constituição, logo logo teremos umas nova leva de manifestantes se mobilizando em alguma occupymyheart da vida. E, o pior, uma safra de poetas adocicados e felizes-sem-fim se reproduz por osmose.

As crianças do meu tempo falávamos de ninjas e policiais e todos tinham na ponta da língua as técnicas para prender bandidos e invocar a poderosa Genki Dama. As crianças de hoje falam de amor com a mesma propriedade e profundidade. Ângelo Gaiarsa sofreria derrame pleural de ver tantos especialistas absolutos no mais obtuso e pantanoso campo da experiência humana.

O que mais me espanta nestes novos poetas da ágora virtual é a facilidade para falar de amor, alegria, gozo, prazer, satisfação. Não que não nos apaixonássemos no colégio e na faculdade, mas sabíamos a dor daquilo, sabendo-o efêmero e temerário. E atravessava-se todo o colegial com a mesma paixão a consumir tempo, sono e inúmeras resmas de papel, por fim destinadas ao lixo.
Hoje tenho visto gente dizendo “eu te amo mais que tudo” com lágrimas nos olhos para três ou mais em menos de um ano! E não que a pessoa seja falsa, leviana ou vulgar, ela apenas acha que toda sensação diferente de fome, sono e cansaço seja amar. E amar dessa maneira não encontra limites, nem fronteiras, virou até mote de empresa de celular (lógico que a rima não podia faltar).
E o amor passado? Não valeu, óbvio, porque a atual juventude amante aprendeu que o amor é uma sensação anfetaminizada e seus poetas estão sempre em busca da próxima dose, do próximo pico. Não cultivam mais carinho pela namoradinha do pré, não olham mais de rabo de olho ao passar pela rua da menina do vôlei. Hoje o amor vive-se em ondas, total wireless, sem cabo, conexão alguma (nem com a realidade).
Hoje não se respeita o vaticínio de Drummond sobre ser poeta e a difícil arte de escrever sobre o amor. Talvez venha daí essa profusão de duplas sertanejas universitárias e autores e perfis adocicados nas redes sociais. Desculpe-me, mas não suporto ler mais nada de Caio Fernando Abreu. O que ele escrevia sobre amor é uma afronta a Chico, Caetano, Vinícius e Tom. As canções da Paula Toller têm mais alma, experiência e peso que esse falecido (sim, Caio morreu há mais de cinco anos) ícone da poetosfera.

Antes que você me chame de ranzinza, mal amado ou frio (a quem quero enganar, você já está pensando tudo isso de mim) quero dizer umas últimas palavras. Você está apaixonado e quer viver este amor como se fosse o último? Vá lá, mergulhe e seja feliz durante o tempo em que conseguir prender a respiração. Mas não se esqueça de ser ridículo, de sofrer também da angústia de ter de voltar à tona e respirar. Como disse Cartola, o profeta do amor partido alto: Vai chorar, vai sofrer, isso acontece!

Termino deixando claro que amo os amantes, vibro e torço pelos amigos que amam. Mas amar não os torna poetas e especialistas no amor, assim como respirar não nos torna especialistas em pneumotórax e andar não nos dá gabarito pra prescrever como alcançar os altos cumes do Himalaia. Já disse Zeca Baleiro: As canções de amor se parecem porque não existe outro amor!


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sábado, novembro 19, 2011

PONDÉ, VINÍCIUS E SILASTIE

Quase 4 meses depois, eis-me aqui novamente! Não, eu não deixo de escrever aqui por falta de assuntos para serem compartilhados. É que mais uma vez, estou vivendo uma fase de guerra entre razão e emoção, mente, coração e mãos. E assim, numa luta entre o que penso, sinto e escrevo, entre o querer dizer e o preferir não falar, fico calada. 


Nunca me esqueci de uma conversa com um grande amigo que me disse, falando sobre Eclesiastes 3 (tempo para todas as coisas), que tanto o tempo de falar como o de calar são importantes e confundir os dois é um grande erro. Espero conseguir sempre distinguir entre cada um desses tempos... e me posicionar certo em cada um deles!


Bem, o que me trouxe aqui foi uma postagem muito interessante de uma amiga, a Simone, do blog Folha Tremulante, que eu já tinha lido há algum tempo, mas que sendo relida hoje, me falou mais alto. E falou mais alto porque tenho ouvido e lido o Luiz Felipe Pondé, que critica essa busca incessante pela felicidade, essa obrigação de ser feliz que a sociedade impõe e cobra de todos nós.


Eu concordo com os dois porque, embora seja muito bom estar feliz e ser feliz, será que a obrigação de estar cercado de felicidade por todos os lados, em todos os momentos, é saudável?  E essa busca frenética acaba nos cegando para momentos deliciosos, que simplesmente deixamos passar...


E mais: dá pra ser completamente feliz se olharmos, mesmo que de relance, para esse mundo que nos cerca?


Não, não estou condenado a felicidade. Não tenho vocação pra masoquista. Mas quero estar mais atenta para o que me faz feliz hoje do que para todos os outros motivos para não estar feliz.


Acho que no Samba da Benção, Vinícius foi perfeito: "É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração; mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza; é preciso um bocado de tristeza, senão, não se faz um samba, não." 


Bem, deixo com vocês o texto da Simone. Boa leitura!




Simone Pinheiro


A sociedade moderna coloca um peso muito grande no “ser feliz”, “estar tudo bem”, ter, ganhar, comprar, comprar e comprar...

A mídia  mostra-nos incessantemente objetos que não precisamos, mas se não temos estamos fora do contexto.

Isso é muito cansativo... Outro dia ouvi uma reflexão muito interessante sobre o “tudo bem? “ aquela nossa expressão cultural de dizer oi sem muito compromisso. E no fim tudo, tudo mesmo... realmente é muita coisa pra estar bem.

O engraçado é que nunca havia parado pra pensar nisso, essa expressão traz um peso muito grande, uma cobrança subliminar, dando a impressão de que realmente é possível estar tudo bem, e se com a gente não está, temos um problema.

Não tive nenhum momento em minha vida onde estivesse tudo bem, não falo isso com melancolia, ou depressivamente. Simplesmente é assim,  uma área da sua vida está totalmente resolvida , uma outra começa despencar. 
Antes da mensagem do Claudio Manhães, eu sinceramente acreditava que só acontecia comigo e que pra todo o resto do universo realmente estava tudo certo... todo o resto do universo foi exagero, mas pelo menos meu vizinho, meu colega, meu primo, o ator da novela, o pop star, sei lá... pra alguém estava tudo certo.

Resolvi fazer um exercício, a começar pelos mais próximos pra entender se realmente fazia sentido o que ouvi na reflexão, e verdadeiramente eu não era a única a ter sempre algum probleminha a me incomodar. Olhar a minha volta, se você nunca fez isso eu o convido a fazer. Não  se trata de torcer pelo mal alheio, mas apenas constatar que a vida é complicada pra todo mundo, e aí eu vou generalizar, todo mundo mesmo. Uns mais outros menos, mas tudo mundo tem problemas.

A idéia aqui não é te deprimir, fique tranquilo, muito pelo contrário. A idéia é basicamente tirar o peso, a obrigação de ser feliz a todo custo. E substituir essa perspectiva por ser contente. Contentamento, independente daquele, ou daqueles probleminhas que insistem  em aparecer.
Vamos ignorar os problemas agora? Não... Essa não é a idéia, mas pense bem, tem alguma coisa na sua vida que vai bem, e você, eu, nós... estamos deixando de aproveitar porque ainda tem algo a ser resolvido em outra área, ai insistimos tanto em resolver , e vai que por azar conseguimos, mas aí deixamos de aproveitar o que estava bom, e gastamos tanta energia pra consertar isso que agora nem é tão legal assim mais. E surpresa, tem mais alguma coisa despencando na nossa vida. E assim segue o ciclo...

Precisamos parar de tentar estar bem em todas as áreas e realmente aproveitar o que no momento está bem. Estar bem a pesar do “e se...”
Isso facilita muito seguir em frente, viver cada momento, aproveitar cada fase. Mas e o resto? Bem o resto, vez ou outra irá se resolver, e se isso não acontecer você não aplicou todas as energias em deixar tudo perfeito mas sim, aproveitou os bons momentos que eram possíveis de serem desfrutados. Isso deixa-nos mais leves, sem aquela pressão social de ser feliz a qualquer custo, simplesmente aproveite o que tem nas mãos.
Seja livre pra viver intensamente o presente, com contentamento, sem tantos lamentos, aproveitando cada momento. Tenha uma vida mais leve, sem tantas cobranças, resumindo Carpe Diem!


"...Porque a vida não é certa... Nada aqui é certo. O que é
certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando,
sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo,
conseguindo...Quando a gente acha que encontrou todas as respostas, vem a
vida e muda todas as perguntas." Veríssimo

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