terça-feira, maio 30, 2006

LÁGRIMAS OCULTAS


Tenho ouvido falar muito de Florbela Espanca...
Resolvi vasculhar a net e achei um site Jornal de Poesia http://www.secrel.com.br/Jpoesia/ , onde encontrei o soneto que transcrevo abaixo:

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

------------------------------------------------

Fiquei curiosa com a obra dela...
E esse nome... Florbela Espanca... quero descobrir de onde vem...
Acho que vou começar minhas pesquisas!

quinta-feira, maio 25, 2006

SEGUNDA MILHA


(escrito em 29 de novembro de 2004; de lá pra cá, muita coisa mudou, mas hoje reli esse texto e decidi colocá-lo aqui)

Quanta mágoa somos capazes de suportar?
Até onde somos capazes de ir?
Até onde vai a segunda milha?
Quem sacia a sede nas nossas lágrimas?


Queria não ter que responder a essas perguntas, queria não precisar fazer essas perguntas. Queria que as tristezas evaporassem tão logo surgissem.
Queria um ombro onde pudesse recostar e me deixar ficar, sem pressa, sem receios, sem cobrar, sem ser cobrada.
Queria que a cama não fosse tão vazia.
Queria que o dia não fosse tão longo e que a noite não fosse tão fria.
Queria um braço forte que me estendesse a mão e caminhasse ao meu lado, até que o amanhã brilhasse mais uma vez no horizonte.


.

terça-feira, maio 16, 2006

TELA VAZIA

(escrito em 24 de abril de 2006)

Na minha frente a tela em branco pede por palavras, mas elas não acham o seu caminho entre o pensamento, o coração e o teclado.

A tela me desafia, ri com sarcasmo... “Vem, escreve... bota pra fora o que esconde dentro de você...”

E eu fico aqui, perdida entre os pensamentos e as teclas: as idéias voam, parecem vagalumes a piscar aqui e ali... agora eu vejo, agora não mais...


E o tempo passa, me cobrando uma atitude.

Lembranças... seriam elas que querem ser expostas? Não, acho que não. Queria escrever algo novo, bonito, gostoso...

Mas hoje, a tela vai continuar assim... branca, lisa... enquanto as palavras brincam de ciranda dentro de mim e me põem um sorriso bobo nos lábios...

quarta-feira, maio 10, 2006

DEPOIS DA CHUVA


Gosto de chuva. Sempre gostei.

Gosto do cheiro que vem pelo ar antes mesmo que ela chegue, anúncio que nem todos os olfatos conseguem distinguir. Gosto de ouvir o som dela se aproximando, e vê-la chegando, como uma cortina sendo aberta.


Gosto de tomar banhos de chuva... ver todo mundo correndo e andar devagarzinho, sentindo as gotas batendo na minha pele, a água escorrendo pelo meu corpo, a roupa grudando em mim... Liberdade!

Mas eu também gosto do depois da chuva...
Principalmente daquelas fortes chuvas de verão, quando o sol começa a aparecer e a luminosidade toda muda... algumas gotas fininhas ainda caem... no céu, ainda meio nublado, um arco-íris. O verde das plantas fica mais intenso, o ar fica mais limpo. Ah... e o cheiro da terra molhada... Paz!

Ontem choveu em mim... foi dia de banho de chuva... dia de viver um maravilhoso “depois da chuva”...

E dentro do meu ser, luz, arco-íris, verde, ar limpo, terra molhada... Felicidade!


.

quarta-feira, maio 03, 2006

HOJE


(escrito em 02/fev/2006)


Hoje, mais uma vez, enfrento minha casa vazia.

Quero colo, calor, abraço, beijo, gente rindo à minha volta, meu coração rindo dentro do peito!!!

Quero não me esquecer de Gonzaguinha, e lembrar que a vida é bonita, é bonita e é bonita!

Quero cantar com Oswaldo e ver a rua cheia de sorrisos francos, de rostos serenos, de palavras soltas... Quero pedir desculpas pelo que eu não disse, desculpar o que você falou... Quero fazer barulho pela madrugada, seresta na calçada, dançar pela rua com os poetas, ver dez mil estrelas riscando o céu, ver meu coração no seu sorriso... Quero deixar triunfar a força da imaginação...

Quero dar um descanso pra minha alma – calma alma minha, calminha!

Quero conhecer as manhas e as manhãs, redescobrir o sabor das maçãs...

Quero viajar levada pelo vento, pela ventania... Quero mover as pás dos moinhos e abrandar o calor do sol... Quero mandar meus beijos pelo ar...

Quero lembrar daquela esquina em Minas e não me esquecer que eu também me chamo sonho e que sonhos não envelhecem...

Quero voar até a lua e brincar no meio das estrelas... Ver como é a primavera em Júpiter e Marte.

Quero entrar logo em setembro e ver a boa nova andar nos campos... Quero sonhar muito e semear minhas canções no vento... quero inventar uma nova canção que me traga o sol de primavera...

Quero soltar a minha risada mais gostosa, não perder esse meu jeito de achar que a vida pode e vai ser maravilhosa...Quero manter minha alegria escandalosa... quero passar dos meus limites... Quero não ter vergonha de aprender a ser feliz...

Não... a minha casa não está mais vazia...
Eu estou aqui!!!


Related Posts with Thumbnails