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quinta-feira, dezembro 31, 2020

Esperançar

 


"É preciso ter esperança. Mas tem que ser esperança do verbo esperançar. Porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. Esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperança é a capacidade de olhar e reagir àquilo que prece não ter saída. Por isso, é muito diferente de esperar; temos mesmo é de esperançar."

Sempre que passamos por uma dia marcante, como aniversário ou a noite de passagem de ano, mesmo sem querer temos a tendência de achar que no dia seguinte tudo vai ser diferente. E na imensa maioria das vezes, não é. Mudar de ano não significa que tudo vai estar novo no dia seguinte. Mas devolve as nossas esperanças de dias melhores. 

2020 foi um ano muito diferente de todos os outros anos para nós. Pareceu que estávamos num daqueles filmes pós apocalípiticos, tentando sobreviver. Um ser tão pequeno que nem consegue ser visto em um microscópio comum virou o mundo de cabeça para baixo: o Sars-Cov-2, um vírus, chegou e nos tirou até o direito de abraçar aqueles que amamos mas que não moram conosco. 

Tivemos que suportar a saudade dos amigos, enfrentar o medo quando saíamos na rua, nos vimos no meio de máscaras e álcool em gel, tentando nos proteger e proteger os nossos amados. Perdemos tanta gente querida para esse vírus. Talvez tenha sido um dos anos mais tristes que vivemos.

Por outro lado, coisas boas também aconteceram. Reconhecemos que precisamos dos nossos amigos e inventamos novos jeitos de estar juntos sem estar perto. Redescobrimos como a Arte é importante na nossa vida: ouvimos mais músicas e vimos mais filmes, já que não nos restaram muitas opções de lazer. Percebemos mais do que nunca como os profissionais de saúde e da educação são fundamentais na nossa vida.

Muita gente usou esse tempo para aprender algo novo. Muita gente não conseguiu, e não tem problema algum nisso: estamos no meio de uma pandemia, não de um retiro espiritual. 

Amanhã, quando 2021 começar, acho que todos gostaríamos que acordássemos com céu azul, brisa no rosto e o fim desse pesadelo. Mas não vai ser assim. O céu azul e a brisa talvez apareçam. Mas o pesadelo vai continuar.

Só que assim como o mocinho daqueles filmes que falei lá em cima, apesar do cansaço e das dores, estaremos ainda buscando o sonho, porque sem esperança a gente não vive.

Que todos nós tenhamos um 2021 cheio de esperança e de realizações!


Marcia Carvalho,

                                                                           Teresópolis, 31 dez 2020


P.S.: o texto que começa esta reflexão é do livro Pedagogia da Esperança, de Paulo Freire


Nós também estamos no IG: www.instagram.com/eu.pensandocomigomesma


segunda-feira, setembro 28, 2015

SEGURA A ONDA, DORIAN GRAY




Hoje é meu aniversário: 46 anos!
E é assim que eu me sinto: cada vez mais bela, cada vez mais velha, cada vez mais linda.

Mas não da mesma forma que encarava esses conceitos quando tinha 20 ou 30 anos.
Desde que fiz 40 anos, encaro a vida com mais leveza, sem cobranças desnecessárias aos outros e, principalmente, a mim mesma.

Se antes "dava um boi pra não entrar numa briga e uma boiada pra não sair dela", hoje dou o boi e a boiada para evitar conflitos desnecessários. Com isso, guardo energia para batalhar pelo que realmente importa.

Não perco mais o meu tempo fazendo mais do que posso para tentar agradar aos outros: aprendi a respeitar os meus limites, sem me sentir culpada por isso.

Continuo tentando fazer da simplicidade o meu modo de vida. Cansei de coisas complicadas, cansei de quem complica as coisas. E mais ainda: cansei de eu mesma complicar o que pode ser simples.

Sigo em frente, tentando demonstrar meus pensamentos e meu modo de ver a vida com sinceridade, mas sem perder a doçura. Porém, continuo humana: de vez em quando baixa um azedume, do qual me esforço para me livrar, e nem sempre consigo.

Hoje é dia de celebrar!
E de agradecer ao Eterno por sua intensa generosidade comigo, principalmente nos últimos tempos.
Ainda tenho muito chão pela frente, muito a conquistar... Mas consigo olhar para trás e entender o caminho que me fez chegar até aqui. E olhar pra frente e ver que a estrada está apenas começando.

Então, vambora!


PS.: A frase da imagem que abre este texto é da música "Segura a onda, Dorian Gray", que pode ser ouvida aqui:






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quinta-feira, janeiro 01, 2015

CONSELHOS PARA 2015 - Ed René Kivitz


Fim de um ano é sempre cheio de tradições: uma delas é fazer a famosa lista de metas para o ano que se inicia - e que geralmente não se cumpre.
Esta lista aqui foi feita pelo Ed René Kivitz, pessoa que eu conheço e admiro há muitos anos.
Não fui eu que fiz, mas como eu concordo com ela, vou considerá-la como minha.


Feliz 2015 para todos nós!


Conselhos para 2015
por Ed René Kivitz


#1
Não assuma compromissos do tipo "vou iniciar uma dieta", "vou começar alguma atividade física", "vou terminar o curso de inglês".  Esse tipo de coisa serve apenas para acumular culpa e frustração sobre os seus ombros.

#2
Não acredite nesse pessoal que diz que "sem meta você não vai a lugar algum". Pergunte a eles por que, afinal de contas, você tem que ir a algum lugar. Trate esses "lugares futuros imaginários" apenas como referência para a maneira como você vive hoje - faça valer a caminhada: se você chegar lá, chegou, se não chegar, não terá do que se arrepender. A felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai.

#3
Não faça nada que vá levar você para longe das suas amizades verdadeiras. Amizades levam um tempão para se consolidar e um tempinho para esfriar, pois assim como a proximidade gera intimidade, a distância gera esfriamento e fragiliza os vínculos.

#4
Não perca tempo discutindo religião, política e futebol. As paixões moram numa nuvem que os argumentos não alcançam.

#5
Não fique arrumando desculpas nem explicações para as suas transgressões. Quando cometer um pecado, assuma, e simplesmente diga "minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa" e "fiz sim, me perdoe". Comece falando com Deus e não pare de falar até que tenha encontrado a última pessoa afetada pelo que você fez.

#6
Não faça nada que cause danos à sua consciência. Ouça todo mundo que você confia, tome as suas decisões e assuma as responsabilidades. Não se importe em contrariar pessoas que você ama, pois as que também amam você detestariam que você fosse falso com elas ou se anulasse por causa delas.

#7
Não guarde dinheiro sem saber exatamente para que o está guardando. Dinheiro parado apodrece e faz a gente dormir mal. Transforme suas riquezas em benefícios para o maior número de pessoas. É melhor perder o dinheiro que ocupa seu coração, do que o coração que se ocupa do dinheiro.

#8
Não deixe de se olhar no espelho antes de dormir. Caso você não goste do que vê, e isso se repita muitas vezes, não hesite em perder a noite de sono para planejar o que vai fazer na manhã seguinte. Ao se olhar no espelho ao amanhecer, lembre que com o sol chega também a misericórdia de Deus: a oportunidade de começar tudo de novo.

#9
Não leve mágoas, ressentimentos e amarguras para o ano que vem. Leve pessoas. Sendo necessário, perdoe ou peça perdão. Geralmente aos duas coisas serão necessárias, pois ninguém está sempre e totalmente certo. Respeite as pessoas que não quiserem fazer a mesma viagem com você.

#10
Não deixe de se perguntar se existe um jeito diferente de viver. Não acredite facilmente que o jeito diferente de viver é necessariamente melhor do que o jeito como você está vivendo. Concentre mais energia em aprender a desfrutar o que tem do que em desejar o que não tem.

#11
Não deixe o trabalho e a religião atrapalharem sua vida. Cante sozinho. Leia poesia em voz alta. Não tenha pressa de deixar a mesa após as refeições. Pegue crianças no colo. Ande sem relógio. Fuja dos beatos.

#12
Não enterre seus talentos. Nem que seu único tempo para usá-los seja de meia noite às seis. Ninguém deve passar a vida fazendo o que não gosta, se o preço é deixar de fazer o que se sabe. Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem cumpre a sua vocação.

#13
Não crie caso com sua mulher. Nem com seu pai nem com sua mãe. Nem com seu irmão nem com sua irmã. Caso eles criem caso com você, faça amor, não faça guerra. O resto se resolve.

#14
Não jogue fora a utopia. Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo se torne realidade.

#15
Não deixe a monotonia tomar conta do seu pedaço. Ninguém consegue viver sem adrenalina. Preste bastante atenção naquilo que faz você levantar da cama na segunda-feira: se for bom apenas para você, jogue fora ou livre-se disso agora mesmo. Caso não queira levantar da cama na segunda-feira, grite por socorro.

#16
Jamais se esqueça que a pessoa mais importante do mundo é aquela que está na sua frente. Não a que está no whatsapp, nem no facebook, nem no instagram.

#17
Não deixe de dar bom dia para Deus. Nem boa noite. Mesmo quando o dia não tiver sido bom. Com o tempo, você vai descobrir que quem anda com Deus não tem dias ruins, apenas dias difíceis.

#18
Não negligencie o quarto secreto onde você se encontra com seu eu verdadeiro e com Deus - ou vice-versa. Aquele quarto é o centro do mundo - o mundo todo cabe lá dentro, pois na presença de Deus tudo está e tudo é.

#19
Não perca Jesus de vista. Não tente fazer trilhas novas, siga nos passos dEle. O caminho nem sempre será confortável e a vista tão agradável, mas os companheiros de viagem são incomparáveis.

#20
Não caia na minha conversa. Aliás, não caia na conversa de ninguém. Faça a sua própria lista. Escolha bem seus mestres e suas referências. Examine tudo. Ouça o seu coração - geralmente é lai que Deus fala. Misture tudo e leve ao forno.

#21
Não fique esperando que sua lista saia do papel. Coloque o pé na estrada. Caso não saiba por onde começar, não tem problema. O sábio disse ao caminhante que "não há caminho; faz-se caminho ao andar".



Publicado originalmente em 2005, e levemente adaptado para hoje.
© 2014 Ed René Kivitz

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terça-feira, dezembro 30, 2014

LET IT GO! E QUE VENHA 2015!



É bem provável que eu seja uma das poucas pessoas do planeta que não viu Frozen, a animação sensação de 2014. E não vi por vários motivos. O primeiro é que acho "Let it go!", a música tema, insuportável. E o segundo, porque mesmo achando a música insuportável, resolvi tentar ver o filme: não consegui aguentar nem 15 minutos. E olha que eu amo animações!

Mas mesmo assim, decidi que o meu lema para 2015 vai ser "Let it go!"
Lei it go, deixa ir, deixa pra lá!

Já tenho tentado viver essa filosofia há algum tempo; para usar uma palavra que está bem na moda, praticar o desapego. Mas não me refiro ao desapego que coisas materiais (eu não sou nem consumista, nem materialista; coisas materiais me dizem muito pouco, mas muito pouco mesmo).

Quero continuar me desapegando de situações, atitudes e pessoas que não me fazem bem. Tentar viver mais leve, continuar não guardando rancores. Entender que ciclos se abrem e se fecham. Que alguns sentimentos são intensos, mas podem ser passageiros. Guardar no coração bons momentos e deixar ir o que doeu, machucou, magoou.

Sim, eu sou uma pessoa de bem com a vida, que gosta de ver o lado positivo das coisas, que prefere o riso à lamentação, que ri de si mesma. Mas quem me conhece bem sabe que eu não sou como um bobo da corte que acha que é engraçado, lindo, maravilhoso, digno de risadas: tenho meus momentos de tristeza profunda, de descrença, de dor, de choro. Só que aprendi a não me deixar dominar por eles.

Um amigo uma vez me disse, em um contexto completamente diverso, uma frase que ouvi e guardei com carinho. É uma frase do Nietzsche, que diz mais ou menos assim: "Se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você". Eu não quero que um abismo tome conta da minha alma, do meu coração, dos meus pensamentos. Não vou olhar para a tristeza um segundo a mais do que ela merece.

Mas também não vou jogar fora a minha bagagem: foi ela que me trouxe até aqui, me fez ser quem eu sou. Mas posso deixá-la mais leve se deixar ir a dor e só guardar o ensinamento trazido por ela.

2014 foi um ano muito intenso para mim, e me deixou com um baú enorme de boas recordações. E algumas delas são tão boas que mesmo que o momento tenha passado, ainda me fazem sorrir só de lembrar. Foi um ano de conhecer gente nova, reencontrar velhos amigos,consolidar algumas amizades. Como isso me fez bem!

E me fez bem fazer 45 anos. Olhar para trás e perceber o caminho que percorri até aqui. Olhar para frente e ver até onde eu quero ir - e saber que depois daquela curva ali na frente, tem mais um caminho que eu ainda não sei qual é. Olhar para o espelho e ver que o brilho nos olhos veio para ficar. Olhar para dentro e ver que a menina ainda mora aqui.

O melhor de tudo: termino 2014 sem arrependimentos dignos de nota. Vivi esse ano de forma consciente, em paz comigo e com os meus sentimentos, talvez como eu nunca tenha percebido antes.

O saldo de 2014 é positivo, com toda certeza.
E sei que o "Let it go!" tem muito a ver com isso.

Muito obrigada, 2014!
Muito obrigada por cada um que passou/cruzou/se fez presente em algum momento da minha caminha desse ano.

E que venha 2015!



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sábado, agosto 02, 2014

SARTRE, POR RUBEM ALVES



"Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: 'Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.' Pare. Leia de novo e pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você? Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim."

Rubem Alves


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quarta-feira, dezembro 18, 2013

SOBRE CICLOS, CORUJAS E BORBOLETAS


Ontem eu fui pela última vez ao antigo apartamento. Que mudança demorada essa! E na casa nova, caixas ainda esperam ser abertas...

É estranho fechar definitivamente a porta. Ainda mais num local onde morei por tanto tempo e onde vivi muitas histórias. Vivi, não: vivemos, no plural. A minha casa nunca foi só minha e da minha filha, mas de todos os amigos que passaram por lá.

Sempre gostei de ter a casa cheia, lembrança dos meus tempos de adolescência, onde a nossa casa era sempre o local escolhido para quase todos os encontros e reuniões e grupos de estudo. E foi assim que vivi no apartamento antigo: casa cheia, porta sempre aberta para os amigos.

Sempre vão estar na minha lembrança os momentos ali vividos!

As noites de jogos que começavam na sexta à noite e só terminavam no sábado de manhã... Academia, Imgem e Ação, Perfil, Máfia (nunca vou esquecer do dia em que a Mel, com apenas 8 anos e a única criança em um grupo de adultos, montou uma estratégia muito legal, enganou todo mundo e ganhou o jogo). Pra manter o pique, muita pizza e chimarrão... E muitas vezes, ainda terminávamos com uma sessão de filmes.

Os orkontros, facecontros, saraus, almoços e cafés - nossos pretextos para celebrar a amizade - recheados de música, poesia e, como não poderia deixar de ser, muita comida gostosa.

Os aniversários temáticos, onde fomos de Nárnia ao botequim... Momentos inesquecíveis, celebrando a vida com pessoas amadas.

Mas nem tudo era festa: os momentos de lágrimas divididas também aconteceram. E como foi bom ter com quem dividir dores, tanto as minhas como as dos amigos. Ninguém merece chorar sozinho!

O último ato foi tirar a Hermione da parede.
Hermione, a coruja que entrou ali por brincadeira e se tornou a marca registrada da casa: acho que ninguém aparece em tantas fotos, de tanta gente, como ela!
E seus olhos atentos de coruja acompanharam todos os nossos momentos e, quando foi preciso, guardaram os nossos segredos.

Não sei se ela volta para a casa nova. Afinal, um ciclo foi fechado e talvez ele deva permanecer nele, assim como os motivos da escolha daquele apartamento tão grande também ficaram.

A casa nova é pequena. Talvez não seja mais possível juntar tanta gente de uma vez só, mas ela vai continuar aberta para os meus amigos.

E quando um ciclo se fecha, outro se abre.
A coruja se foi, não sei se volta.

E que venham as borboletas!




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quinta-feira, agosto 01, 2013

BISTURI






Procurei um pedaço de poesia
que fosse um bisturi:
que me rasgasse,
me dissecasse,
me expusesse os sentimentos.
Não encontrei.

A pele continua intacta;
como estou por dentro, não sei.



Marcia Carvalho




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terça-feira, abril 16, 2013

ADÉLIA, SEMPRE!

Eu sempre leio antes de dormir. Já deitada, pego um dos autores que "moram" na minha mesa de cabeceira. Um desses autores é a Adélia Prado.

Noite passada, folheando o "Oráculos de Maio", cheguei aqui:



Em poucas palavras, um resumo genial de como interpretar errado o que achamos que vem de Deus. 

Não consigo descrever Adélia. Mas, quando eu crescer, quero ser como ela!




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sexta-feira, março 22, 2013

APRENDENDO...



Tirei a foto aí de cima do Facebook de uma amiga. 

Tenho que aprender isso, e rápido. 
Tenho vivido dias complicados e preciso aprender a não deixar que atitudes e comportamentos dos outros me afetem tanto... 

Já bastam as minhas próprias dores...


Marcia, 
Rio de Janeiro

quarta-feira, março 20, 2013

OUTONO




Outono

Tempo de olhar para dentro, de refletir,
de deixar ir o que não é essencial:
para florir na primavera
é preciso sobreviver ao inverno.


Marcia Carvalho
(1º dia do outono de 2013,
Rio de Janeiro)




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quarta-feira, novembro 14, 2012

DIAS NUBLADOS



"Cariocas não gostam de dias nublados..." diz a música de Adriana Calcanhoto.
Bem, embora more na cidade do Rio de Janeiro, eu não sou carioca da gema... Nasci na Região Serrana do Estado, então, me declaro "carioca da clara". 

E como carioca da clara me dou o direito de amar dias nublados, dias chuvosos, ventos, tempestades. Não é coisa recente: desde bem menina, ficava horas colada na janela, observando a chuva forte que desenhava caminhos no vidro, os raios que desenhavam caminhos no céu, o vento que dançava com as árvores e ouvindo os grandes trovões, trilha sonora perfeita para os desenhos e a dança.

O Pequeno Príncipe disse que o deserto é bonito porque ele esconde um poço. Eu acho que o dia nublado é bonito porque ele esconde um sol. Dias nublados desaceleram as ruas, as pessoas, a alma.

E, com alguma sorte, o dia nublado ainda pode nos trazer um arco-iris...



(Hoje o meu coração está nublado e chuvoso. Vou caminhando na chuva, deixando que ela lave a minha alma e leve as lágrimas. Sei que o sol ainda está por aí, só escondido. E acredito que daqui a pouco o arco-íris vai colorir o céu.)





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quinta-feira, setembro 13, 2012

BALAIO MUSICAL 4.3 (16 - Praise You in This Storm)

Na vida, temos poucas certezas. E uma delas é que passaremos por tempestades. 

Quando eu vejo algumas músicas ditas "evangélicas" que até fazem sucesso, fico pensando se as letras são coerentes com o que Jesus nos ensinou. Uma delas diz que "se diante de mim não se abrir o mar, Deus vai me fazer andar por sobre as águas". Uma outra diz que "se o trovão e mar se erguendo vem, sobre a tempestade voarei". Isso me parece tão longe do que Jesus disse!


A parábola de Jesus sobre as duas casas, uma construída na rocha e a outra na areia, nos diz isso: a tempestade virá! E irá bater contra a nossa casa. Se iremos resistir ou não, depende de qual a base que escolhemos para erguer a nossa vida. Mas ela virá e teremos que passar por ela,  e muito provavelmente não iremos voar sobre ela, como um herói de filme de ação.

Outra coisa que Jesus nos disse foi que ele estaria conosco todos os dias, até o fim dos tempos. O que me faz pensar que mesmo durante a maior tempestade que eu possa enfrentar, eu nunca estarei sozinha: Jesus está comigo, sempre.


Por isso eu escolhi essa música para estar no meu balaio musical pré-aniversário. Ela não é triunfalista, não me promete voar sobre os meus problemas. Mas ela me diz que mesmo na tempestade, quando eu nem consigo escutar direito a voz de Deus, Ele está comigo e por isso eu o louvo. 

A música é Praise You in this Storm e quem canta é o Casting Crowns. (A letra está em inglês por pura preguiça, mas nada que o Google Tradutor não possa resolver...)





PRAISE YOU IN THIS STORM
Mark Hall and Bernie Herms

I was sure by now, God,
that You would have reached down
and wiped our tears away,
stepped in and saved the day.
But once again, I say amen
and it's still raining...
As the thunder rolls
I barely hear You whisper through the rain,
"I'm with you"
and as Your mercy falls
I raise my hands and praise
the God who gives and takes away.

And I'll praise you in this storm
and I will lift my hands
for You are who You are
no matter where I am
and every tear I've cried
You hold in your hand
You never left my side
and though my heart is torn
I will praise You in this storm

I remember when I stumbled in the wind
You heard my cry to You
and raised me up again
my strength is almost gone
how can I carry on 
if I can't find YouAnd as the thunder rolls
I barely hear You whisper through the rain
"I'm with you"
and as Your mercy falls
I raise my hands and praise
the God who gives and takes away

I lift my eyes onto the hills
where does my help come from?
My help comes from the Lord,
the maker of heaven and earth.


terça-feira, abril 17, 2012

DIVORTIUM AQUARUM


A sala era grande. Pé direito alto. Paredes brancas. Teto escuro. Chão de madeira, meio desgastado pelo tempo. Deveria existir uma porta. Não havia janelas, pelo menos não à primeira vista. Mas era clara. Não dava para saber de onde vinha a luz. Era uma luz difusa, suave, quase confortável.

Coisas flutuavam pela sala: objetos, lembranças, sensações.

Aqui e ali, pelo chão, pequenas ilhas exibiam diferentes cenários: uma casa no sítio, uma cachoeira no meio da mata, um pedaço de mar batendo nas pedras e espumando na areia, um céu estrelado numa noite sem lua, o sol nascendo atrás das montanhas azuis.

Ao fundo, encostada numa parede, uma estante guardava garrafas empoeiradas, de todos os tamanhos. Dentro delas, sentimentos. Quase escondida, uma das garrafas de vez em quando emitia um certo brilho, que conseguia vencer a camada de poeira e iluminar por um instante um pequeno espaço ao seu redor. As outras, já estavam apagadas.









Este texto foi inspirado pela obra "Divortium Aquarum" (foto acima), do artista José Rufino, exposta no CCBB-RJ.


segunda-feira, janeiro 02, 2012

ORAÇÃO PARA O ANO QUE COMEÇA




Pai querido, mais um ano está começando. Te peço que seja um ano realmente novo.  


Muitas foram as lágrimas no ano passado, mas muitos também foram os sorrisos. E eu te agradeço por ambos. Te agradeço também por cada amigo antigo que mantive, por cada amigo novo que chegou e também, por aqueles que não eram tão amigos assim e se foram... e peço que olhes para mim e para todos eles com a tua misericórdia, pois é ela que nos sustenta a cada dia.


Me ajude a usar as experiências passadas como estímulo para manter o que deve ser mantido, deixar o que deve ser deixado, mudar o que precisa ser mudado... Mas, principalmente, que eu consiga olhar pra frente! Me mantenha atenta para as novas oportunidades que com certeza vão aparecer. E me mantenha firme para enfrentar as tempestades que surgirem. 


Que as noites escuras possam ser seguidas por um amanhecer com flores, sorrisos, borboletas, música e poesia. 


Que a chuva lave também a alma. E que com a alma lavada, eu possa viver o teu Reino com leveza.


Muito obrigada, Pai, por esse ano que começa!




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quarta-feira, dezembro 21, 2011

NATAL, UMA VEZ POR ANO



Natal, uma vez por ano
Ricardo Gondim


Eu era menino e achava que o natal devia acontecer todas as semanas. Depois, na adolescência, pensei que um por domingo era demais. Na vida adulta, acabei me contentando com dois natais: o meu e o de Cristo.

Chego à madureza sem detestar ou supervalorizar o natal.

Acho bom que uma vez por ano pelo menos, alguns saiam da rotina e visitem hospitais, lares de idosos, creches. Sei, sei, isso devia ser feito semanalmente. Concordo, natal serve para aliviar a consciência de quem gastou os outros trezentos e sessenta e poucos dias do ano basicamente com ele mesmo. Mas não sejamos tão cruéis com a humanidade – pequenos gestos valem.

Acho bom que uma vez por ano pelo menos, procuramos nos comportar como o Samaritano da parábola. Mesmo com todo o apelo consumista, intuitivamente, recordamos que Jesus de Nazaré contou aquela estória não só para nos ensinar a ser bons, mas para deixar claro quem viverá com Deus. Certo rapaz perguntou-lhe o que devia fazer para herdar a vida eterna. “Ame a Deus e ao seu próximo”, respondeu o Rabino de Cafarnaum. Como não estava mesmo interessado com a resposta, o mancebo retrucou: “E quem é o meu próximo?” Daí nasceu a parábola: “Um homem viajava por uma estrada deserta e perigosa. Assaltantes o abordaram e tiraram tudo o que possuía; depois de espancar, deixaram o pobre meio morto na beira da calçada. A caminho dos ofícios religiosos, passavam por ali sacerdote e teólogo. A dor do que agonizava não os sensibilizou. Eles não pararam; provavelmente, sem tempo para socorrer o moribundo. Mas um estrangeiro o viu naquele estado miserável e se condoeu. Parou e cuidou dele”. O arremate de Jesus foi contundente: “Aprenda a reconhecer no desconhecido o seu próximo. Se quiser herdar a vida eterna, cuidado, nunca seja indiferente; aja como o samaritano”.

Acho bom que uma vez por ano pelo menos, nos lembramos de reunir família e gente querida ao redor da mesa. Juntos fazemos uma refeição litúrgica e comer se torna um rito sagrado. Avisamos à alma: precisamos parar e esperar uns pelos outros. Dizemos que “com-panhia” (com-pão) tem a ver com a alegria de repartir. De tarde, enquanto se prepara a comida, do forno quente brotam memórias. Empilhados, cada prato tem dono (alguns se foram, meu Deus, quanta saudade!). E o brinde promete continuarmos juntos, venha o que vier. Jantamos. As grades do berço primordial, que um dia nos protegeu, ganham ares de parapeito. As pessoas que amamos são o parapeito, a segurança mínima, que precisamos na vida inclemente, e no precipício do tempo.

Acho bom que uma vez por ano pelo menos, acendemos luzes e, de alguma forma, nos conectamos a Deus, pai das luzes, que não abriga sombra em seu caráter. Se somos ambíguos e sutis em nosso convívio, no natal procuramos ser íntegros. Esforçamo-nos para não deixar o lado cavernoso, dissimulado, escuro, reinar sobre o resto de nossa humanidade. Escrevemos votos de alegria, reanimamos a esperança e apostamos na grandeza do outro.

Acho bom que uma vez por ano pelo menos, celebramos o Deus menino. O reino celestial, nos garantem os Evangelhos, tem características infantis. Cristãos festejam a fragilidade do bebê que dependeu dos braços maternos e das decisões paternas para sobreviver. Esvaziado, humilde e carente, Deus se revelou à humanidade numa estrebaria. Talvez nessa revelação repouse a mais alvissareira mensagem do cristianismo: Deus abraçou a humanidade em sua pequenez. Desde cedo, no desterro do Egito, conviveu com olhares odiosos. Criticado dentro de casa, soube amargar a incompreensão. Caçado e morto por sacerdotes e políticos promíscuos, experimentou o abandono derradeiro. No que sofreu, Jesus se tornou o patrono dos desgraçados, paraninfo dos sem-teto, amigo de proscritos. Ele é o ânimo dos que se desgastam pela justiça; o aceno de esperança para os que nadam contra a correnteza. Nele reside a promessa de que o bem semeado no mar da iniquidade jamais será esquecido.

Acho bom que uma vez por ano pelo menos, cuidamos para que cínicos não tomem conta da vida. Sempre vale a pena celebrar, se acendemos uma centelha, um brilho, nos olhos de algum pobre, doente, idoso, discriminado, exilado, viciado, abandonado. Se não conseguirmos, podemos até fingir que estamos alegres no natal; quem sabe a gente gosta de se sentir alegre e quer repetir o natal em outros dias?

Soli Deo Gloria
extraído do site www.ricardogondim.com.br.





Antigos posts meus sobre o Natal:
- Aleluia, versão soul http://bit.ly/htaj0d
- A lenda da bengalinha – candy cane http://bit.ly/ia9DfW
- Músicas tradicionais - http://bit.ly/gh4bof
- Já é Natal na Leader Magazine http://bit.ly/hyh6bk
- Bela estrela, a mais bela poesia http://bit.ly/frptz0
- Mary, did you know? http://bit.ly/ecAcO6



domingo, dezembro 11, 2011

UMA NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE O NATAL



As festas de fim-de-ano sempre foram muito comemoradas pela minha família. E família grande, diga-se de passagem: minha mãe tem doze irmãos, e o meu pai, nove. Era sempre assim: almoço do dia de Natal com minha família paterna e almoço de Ano Novo com minha família materna. E era sempre muito bom, divertido, alegre: eram dias em que a enorme família podia se encontrar, botar o papo em dia, rever pessoas que, por morarem longe, muitas vezes só encontrávamos nesse dia. 

E apesar da barulhenta reunião, uma característica sempre se mantinha nas duas festas: agradecer a Deus pelo nascimento de seu filho e pelo ano que se encerrava e pedir pelo que se iniciava. Não tinha como ser diferente, sendo membro de uma família com fortes tradições cristãs (a paterna, católica; a materna, protestante).

De um tempo pra cá, porém, vejo muitas famílias (não a minha!) se distanciarem da comemoração do Natal, alegando ser este uma festa pagã. Esse fato sempre me causou estranhamento e tristeza. Afinal, se faço a festa do meu aniversário em um dia em que alguém comemorar alguma festividade pagã eu estaria "paganizando" a minha comemoração?

Bem, a esse respeito, encontrei no site Prazer da Palavra, um texto simples e direto, que reproduzo aqui abaixo.

Ah... antes que eu me esqueça, tenham todos um Feliz Natal! Como disse o Carlinhos Veiga hoje cedo no Twitter, Natal é a anunciação cósmica do grande amor de Deus.


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho


O Natal tem sido combatido por estranhos cristãos. Alegam que o Natal é a festa pagã do culto ao Sol. Conclusão precipitada. Tendo que escolher uma data, escolheu-se aquela porque se considera que Cristo é o sol da justiça (Malaquias 4.2). Combatem a árvore de natal, dizendo-a resquício do culto pagão às árvores. Esquecem que a Bíblia abre e fecha com a presença de uma árvore (Gênesis 3.9 e Apocalipse 22.14). Mas o estranho é guradarem festas judaicas, que se tornaram festas pagãs com o advento de Cristo, sendo coisas passadas à luz de Colossenses 2.16-17.

O cristianismo e a Bíblia expressam as verdades de Deus na cultura do povo, não em uma cultura angelical. Os quatro títulos duplos que aplicamos a Jesus, em Isaías 9.6 (“Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”) eram usados na sagração do novo Faraó, no Egito. O profeta os aplicou a Jesus. O domingo, dia do Senhor, era o dia do culto ao Sol, na mitologia de alguns povos europeus. Mas o dia em que Cristo ressuscitou. Não é preciso negar ou modificar tudo porque se descobriu um aspecto que não corresponde ao que pensávamos. Isto é insensatez: jogar tudo fora por causa de uma parte. Meio entendimento é pior que nenhum entendimento. Principalmente se produz estabanamento intelectual.

Natal não é festa pagã. Isso soa como falta de inteligência. É a comemoração do nascimento de Jesus. Se a data não foi 25 de dezembro, qual é o problema? A Páscoa, quando se comemora a morte de Cristo, cada ano cai num dia. Mas não invalida a morte vicária de Cristo.

O legalismo e a postura de alguns em reinventar e redescobrir o evangelho são atitudes negativas. Pergunte-se a um cristão sincero, não desses cheios de empáfia que descobriram que todo mundo fez tudo errado até hoje, o que ele comemora no dia 25 de dezembro. Ele dirá: “O nascimento de Jesus”. Na falta de data específica, ficou-se com esta. Qualquer outra suscitaria uma crítica de alguém. Que critiquem.

O erro não é comemorar o nascimento de Jesus. O erro é trocá-lo por Papai Noel, é olhar o aspecto apenas humano e sentimental da ocasião e esquecer o aspecto espiritual. Por isto, comemore o Natal. Com gratidão a Deus. Louve-o por seu Filho, Jesus Cristo, nosso Salvador.

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho


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terça-feira, novembro 22, 2011

AMOR NÃO É DOCINHO, BEBÊ

As redes sociais nos permitem entrar em contato e "conhecer" pessoas que, de outra forma, talvez nunca conhecêssemos

O Tom Fernandes é uma dessas pessoas, followed no Twitter e amigo no Facebook. Hoje, no seu blog "pequenos dramas", li um de seus textos e resolvi publicá-lo aqui. 

Boa leitura! E visitem o Tom, ele é crítico, divertido e acho que vocês vão gostar.





Tom Fernandes


O amor está em maus lençóis. A paixão se encontra banalizada, numa rima pobre com liquidação. Saudade é coisa que passa com prozac e uma webcam qualquer. Se a felicidade já é quase um direito fundamental do ser humano, já já garantido por constituição, logo logo teremos umas nova leva de manifestantes se mobilizando em alguma occupymyheart da vida. E, o pior, uma safra de poetas adocicados e felizes-sem-fim se reproduz por osmose.

As crianças do meu tempo falávamos de ninjas e policiais e todos tinham na ponta da língua as técnicas para prender bandidos e invocar a poderosa Genki Dama. As crianças de hoje falam de amor com a mesma propriedade e profundidade. Ângelo Gaiarsa sofreria derrame pleural de ver tantos especialistas absolutos no mais obtuso e pantanoso campo da experiência humana.

O que mais me espanta nestes novos poetas da ágora virtual é a facilidade para falar de amor, alegria, gozo, prazer, satisfação. Não que não nos apaixonássemos no colégio e na faculdade, mas sabíamos a dor daquilo, sabendo-o efêmero e temerário. E atravessava-se todo o colegial com a mesma paixão a consumir tempo, sono e inúmeras resmas de papel, por fim destinadas ao lixo.
Hoje tenho visto gente dizendo “eu te amo mais que tudo” com lágrimas nos olhos para três ou mais em menos de um ano! E não que a pessoa seja falsa, leviana ou vulgar, ela apenas acha que toda sensação diferente de fome, sono e cansaço seja amar. E amar dessa maneira não encontra limites, nem fronteiras, virou até mote de empresa de celular (lógico que a rima não podia faltar).
E o amor passado? Não valeu, óbvio, porque a atual juventude amante aprendeu que o amor é uma sensação anfetaminizada e seus poetas estão sempre em busca da próxima dose, do próximo pico. Não cultivam mais carinho pela namoradinha do pré, não olham mais de rabo de olho ao passar pela rua da menina do vôlei. Hoje o amor vive-se em ondas, total wireless, sem cabo, conexão alguma (nem com a realidade).
Hoje não se respeita o vaticínio de Drummond sobre ser poeta e a difícil arte de escrever sobre o amor. Talvez venha daí essa profusão de duplas sertanejas universitárias e autores e perfis adocicados nas redes sociais. Desculpe-me, mas não suporto ler mais nada de Caio Fernando Abreu. O que ele escrevia sobre amor é uma afronta a Chico, Caetano, Vinícius e Tom. As canções da Paula Toller têm mais alma, experiência e peso que esse falecido (sim, Caio morreu há mais de cinco anos) ícone da poetosfera.

Antes que você me chame de ranzinza, mal amado ou frio (a quem quero enganar, você já está pensando tudo isso de mim) quero dizer umas últimas palavras. Você está apaixonado e quer viver este amor como se fosse o último? Vá lá, mergulhe e seja feliz durante o tempo em que conseguir prender a respiração. Mas não se esqueça de ser ridículo, de sofrer também da angústia de ter de voltar à tona e respirar. Como disse Cartola, o profeta do amor partido alto: Vai chorar, vai sofrer, isso acontece!

Termino deixando claro que amo os amantes, vibro e torço pelos amigos que amam. Mas amar não os torna poetas e especialistas no amor, assim como respirar não nos torna especialistas em pneumotórax e andar não nos dá gabarito pra prescrever como alcançar os altos cumes do Himalaia. Já disse Zeca Baleiro: As canções de amor se parecem porque não existe outro amor!


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sábado, novembro 19, 2011

PONDÉ, VINÍCIUS E SILASTIE

Quase 4 meses depois, eis-me aqui novamente! Não, eu não deixo de escrever aqui por falta de assuntos para serem compartilhados. É que mais uma vez, estou vivendo uma fase de guerra entre razão e emoção, mente, coração e mãos. E assim, numa luta entre o que penso, sinto e escrevo, entre o querer dizer e o preferir não falar, fico calada. 


Nunca me esqueci de uma conversa com um grande amigo que me disse, falando sobre Eclesiastes 3 (tempo para todas as coisas), que tanto o tempo de falar como o de calar são importantes e confundir os dois é um grande erro. Espero conseguir sempre distinguir entre cada um desses tempos... e me posicionar certo em cada um deles!


Bem, o que me trouxe aqui foi uma postagem muito interessante de uma amiga, a Simone, do blog Folha Tremulante, que eu já tinha lido há algum tempo, mas que sendo relida hoje, me falou mais alto. E falou mais alto porque tenho ouvido e lido o Luiz Felipe Pondé, que critica essa busca incessante pela felicidade, essa obrigação de ser feliz que a sociedade impõe e cobra de todos nós.


Eu concordo com os dois porque, embora seja muito bom estar feliz e ser feliz, será que a obrigação de estar cercado de felicidade por todos os lados, em todos os momentos, é saudável?  E essa busca frenética acaba nos cegando para momentos deliciosos, que simplesmente deixamos passar...


E mais: dá pra ser completamente feliz se olharmos, mesmo que de relance, para esse mundo que nos cerca?


Não, não estou condenado a felicidade. Não tenho vocação pra masoquista. Mas quero estar mais atenta para o que me faz feliz hoje do que para todos os outros motivos para não estar feliz.


Acho que no Samba da Benção, Vinícius foi perfeito: "É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração; mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza; é preciso um bocado de tristeza, senão, não se faz um samba, não." 


Bem, deixo com vocês o texto da Simone. Boa leitura!




Simone Pinheiro


A sociedade moderna coloca um peso muito grande no “ser feliz”, “estar tudo bem”, ter, ganhar, comprar, comprar e comprar...

A mídia  mostra-nos incessantemente objetos que não precisamos, mas se não temos estamos fora do contexto.

Isso é muito cansativo... Outro dia ouvi uma reflexão muito interessante sobre o “tudo bem? “ aquela nossa expressão cultural de dizer oi sem muito compromisso. E no fim tudo, tudo mesmo... realmente é muita coisa pra estar bem.

O engraçado é que nunca havia parado pra pensar nisso, essa expressão traz um peso muito grande, uma cobrança subliminar, dando a impressão de que realmente é possível estar tudo bem, e se com a gente não está, temos um problema.

Não tive nenhum momento em minha vida onde estivesse tudo bem, não falo isso com melancolia, ou depressivamente. Simplesmente é assim,  uma área da sua vida está totalmente resolvida , uma outra começa despencar. 
Antes da mensagem do Claudio Manhães, eu sinceramente acreditava que só acontecia comigo e que pra todo o resto do universo realmente estava tudo certo... todo o resto do universo foi exagero, mas pelo menos meu vizinho, meu colega, meu primo, o ator da novela, o pop star, sei lá... pra alguém estava tudo certo.

Resolvi fazer um exercício, a começar pelos mais próximos pra entender se realmente fazia sentido o que ouvi na reflexão, e verdadeiramente eu não era a única a ter sempre algum probleminha a me incomodar. Olhar a minha volta, se você nunca fez isso eu o convido a fazer. Não  se trata de torcer pelo mal alheio, mas apenas constatar que a vida é complicada pra todo mundo, e aí eu vou generalizar, todo mundo mesmo. Uns mais outros menos, mas tudo mundo tem problemas.

A idéia aqui não é te deprimir, fique tranquilo, muito pelo contrário. A idéia é basicamente tirar o peso, a obrigação de ser feliz a todo custo. E substituir essa perspectiva por ser contente. Contentamento, independente daquele, ou daqueles probleminhas que insistem  em aparecer.
Vamos ignorar os problemas agora? Não... Essa não é a idéia, mas pense bem, tem alguma coisa na sua vida que vai bem, e você, eu, nós... estamos deixando de aproveitar porque ainda tem algo a ser resolvido em outra área, ai insistimos tanto em resolver , e vai que por azar conseguimos, mas aí deixamos de aproveitar o que estava bom, e gastamos tanta energia pra consertar isso que agora nem é tão legal assim mais. E surpresa, tem mais alguma coisa despencando na nossa vida. E assim segue o ciclo...

Precisamos parar de tentar estar bem em todas as áreas e realmente aproveitar o que no momento está bem. Estar bem a pesar do “e se...”
Isso facilita muito seguir em frente, viver cada momento, aproveitar cada fase. Mas e o resto? Bem o resto, vez ou outra irá se resolver, e se isso não acontecer você não aplicou todas as energias em deixar tudo perfeito mas sim, aproveitou os bons momentos que eram possíveis de serem desfrutados. Isso deixa-nos mais leves, sem aquela pressão social de ser feliz a qualquer custo, simplesmente aproveite o que tem nas mãos.
Seja livre pra viver intensamente o presente, com contentamento, sem tantos lamentos, aproveitando cada momento. Tenha uma vida mais leve, sem tantas cobranças, resumindo Carpe Diem!


"...Porque a vida não é certa... Nada aqui é certo. O que é
certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando,
sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo,
conseguindo...Quando a gente acha que encontrou todas as respostas, vem a
vida e muda todas as perguntas." Veríssimo

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