quarta-feira, dezembro 18, 2013

SOBRE CICLOS, CORUJAS E BORBOLETAS


Ontem eu fui pela última vez ao antigo apartamento. Que mudança demorada essa! E na casa nova, caixas ainda esperam ser abertas...

É estranho fechar definitivamente a porta. Ainda mais num local onde morei por tanto tempo e onde vivi muitas histórias. Vivi, não: vivemos, no plural. A minha casa nunca foi só minha e da minha filha, mas de todos os amigos que passaram por lá.

Sempre gostei de ter a casa cheia, lembrança dos meus tempos de adolescência, onde a nossa casa era sempre o local escolhido para quase todos os encontros e reuniões e grupos de estudo. E foi assim que vivi no apartamento antigo: casa cheia, porta sempre aberta para os amigos.

Sempre vão estar na minha lembrança os momentos ali vividos!

As noites de jogos que começavam na sexta à noite e só terminavam no sábado de manhã... Academia, Imgem e Ação, Perfil, Máfia (nunca vou esquecer do dia em que a Mel, com apenas 8 anos e a única criança em um grupo de adultos, montou uma estratégia muito legal, enganou todo mundo e ganhou o jogo). Pra manter o pique, muita pizza e chimarrão... E muitas vezes, ainda terminávamos com uma sessão de filmes.

Os orkontros, facecontros, saraus, almoços e cafés - nossos pretextos para celebrar a amizade - recheados de música, poesia e, como não poderia deixar de ser, muita comida gostosa.

Os aniversários temáticos, onde fomos de Nárnia ao botequim... Momentos inesquecíveis, celebrando a vida com pessoas amadas.

Mas nem tudo era festa: os momentos de lágrimas divididas também aconteceram. E como foi bom ter com quem dividir dores, tanto as minhas como as dos amigos. Ninguém merece chorar sozinho!

O último ato foi tirar a Hermione da parede.
Hermione, a coruja que entrou ali por brincadeira e se tornou a marca registrada da casa: acho que ninguém aparece em tantas fotos, de tanta gente, como ela!
E seus olhos atentos de coruja acompanharam todos os nossos momentos e, quando foi preciso, guardaram os nossos segredos.

Não sei se ela volta para a casa nova. Afinal, um ciclo foi fechado e talvez ele deva permanecer nele, assim como os motivos da escolha daquele apartamento tão grande também ficaram.

A casa nova é pequena. Talvez não seja mais possível juntar tanta gente de uma vez só, mas ela vai continuar aberta para os meus amigos.

E quando um ciclo se fecha, outro se abre.
A coruja se foi, não sei se volta.

E que venham as borboletas!




.

sexta-feira, novembro 29, 2013

PRAÇA XV





- O ponto final desse ônibus é na Praça XV? - foi o que ela me perguntou logo que sentou ao meu lado no ônibus.
- Não, ele passa por lá, mas o ponto final é na Tijuca.

E assim começamos a conversar. Ela mora em Niterói, tinha vindo ao dentista em Copacabana. Precisa tirar os sisos. Nasceu perto de Minas e já morou no Rio.

E naquela cumplicidade estranha que acontece entre desconhecidos, me contou que estava nervosa porque iria encontrar um rapaz com quem já estava conversando há algum tempo pela internet. Mas ressaltou que uma amiga dela o conhece pessoalmente há muito tempo.

Estava preocupada se o cabelo estava arrumado e comentou que o rapaz é careca. Rimos e chegamos à conclusão que ela estava em vantagem: mesmo que o cabelo não estivesse do jeito que ela gosta, pelo menos ela tem cabelo...

Calor, engarrafamento... e a ansiedade crescia nela. "Será que ele vai me reconhecer?"

O celular anuncia que chegara uma mensagem. Era ele, avisando que já estava chegando. E o nosso ônibus preso no engarrafamento. No olhar, um misto de timidez, curiosidade e nervosismo.

Finalmente, o ônibus chega ao ponto. Sorrimos e nos despedimos. "Boa sorte!"

Ela desce, com passos apressados. O ônibus sai. Eu nunca vou saber o fim da história. Mas meu coração se aquece e torce para que o encontro tenha sido feliz. Vou embora com um sorriso nos lábios e outro nos olhos.

quinta-feira, agosto 01, 2013

BISTURI






Procurei um pedaço de poesia
que fosse um bisturi:
que me rasgasse,
me dissecasse,
me expusesse os sentimentos.
Não encontrei.

A pele continua intacta;
como estou por dentro, não sei.



Marcia Carvalho




.

quarta-feira, maio 08, 2013

EM SILÊNCIO




Sou transparente por essência. Quem me conhece um pouco, consegue ver nos meus olhos o que está no meu coração e nos meus pensamentos.

Mas eu também gosto de expressar em palavras, gestos e atitudes o que penso e, principalmente, o que sinto.

Às vezes, vejo o que uma pessoa fez, um olhar que deu, uma coisa que escreveu e a vontade é de telefonar, mandar sms no celular, dm no twitter ou inbox no face... só para dizer “ei, eu to aqui, tamo junto nessa!”

E algumas vezes eu faço isso. E em outras vezes, como hoje, me seguro e fico quieta no meu canto, porque não quero ser mal interpretada. E eu sei que esse meu jeito de gostar de cuidar das pessoas, de querer dar um abraço, de me colocar à disposição para ajudar, de gostar de pegar na mão e de olhar nos olhos e dizer que “você não precisa passar por isso sozinho, conte comigo!” pode ser interpretado de modo errado.

Então, aqui estou, me segurando para continuar quieta. Eu li o que você escreveu. Consigo imaginar o que você estava sentindo de madrugada. Se quiser alguém para compartilhar esse momento, você sabe como me encontrar.

Que Deus responda a sua oração.


.


segunda-feira, abril 22, 2013

UM DIA EU CHEGO LÁ...



Eu sou assim: coloco tudo de mim em qualquer coisa que faço.
De vez em quando, quebro a cara.
Mas um dia eu acerto!

sexta-feira, abril 19, 2013

PAZ



Hoje o dia começou com jeito de tempestade. Não lá fora, onde está meio nublado, mas dentro de mim. Mal acordei e já a tempestade se apresentou. E com ela, uma avalanche de sentimentos, medos, apreensões, incertezas.

Tenho amigos que enfrentaram a violência de alguns furacões, não os metafóricos, mas os de verdade. E todos dizem que durante a tempestade, o local mais sereno é exatamente o olho do furacão: tudo em volta está revolto, mas ali, bem no meio do furacão, o que se tem é silêncio e paz.

A tempestade que se aproximou hoje me empurrou para esse lugar de paz: o olho do furacão. E cá estou: em paz. Mesmo que ao meu redor tudo esteja confuso e incerto, estou em paz. Em uma paz profunda, daquela que excede todo o entendimento.





A PAZ
Gilberto Gil

A paz invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais


A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino

A paz, como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz


Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz


Eu vim, vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos ais




.

terça-feira, abril 16, 2013

ADÉLIA, SEMPRE!

Eu sempre leio antes de dormir. Já deitada, pego um dos autores que "moram" na minha mesa de cabeceira. Um desses autores é a Adélia Prado.

Noite passada, folheando o "Oráculos de Maio", cheguei aqui:



Em poucas palavras, um resumo genial de como interpretar errado o que achamos que vem de Deus. 

Não consigo descrever Adélia. Mas, quando eu crescer, quero ser como ela!




.

sexta-feira, março 22, 2013

APRENDENDO...



Tirei a foto aí de cima do Facebook de uma amiga. 

Tenho que aprender isso, e rápido. 
Tenho vivido dias complicados e preciso aprender a não deixar que atitudes e comportamentos dos outros me afetem tanto... 

Já bastam as minhas próprias dores...


Marcia, 
Rio de Janeiro

quarta-feira, março 20, 2013

OUTONO




Outono

Tempo de olhar para dentro, de refletir,
de deixar ir o que não é essencial:
para florir na primavera
é preciso sobreviver ao inverno.


Marcia Carvalho
(1º dia do outono de 2013,
Rio de Janeiro)




.
Related Posts with Thumbnails