sexta-feira, julho 28, 2006

SILÊNCIO















Mais uma do Roberto Amorim...
http://www.smalltalk.com.br/blogs/blog/poesia

Silêncio

Palavras me fogem.
E as poucas que pego
Em sua corrida
Não rimam, não batem;
É só debandada
Fugaz, desconexa
De idéias e formas,
Poesia que corre
Que foge do peso
Desse pesadelo
Que é nossa vaidade.

Se faltam palavras,
Porém, 'inda existe
Em mim a poesia;
Poesia em buscá-las,
Poesia em perdê-las,
Poesia em tê-las,
Poesia em guardá-las;
Poesia em falá-las,
Poesia em calar-me
Poesia no alarme
Ao sentir sua falta;

Também é poesia
Faltarem palavras,
Faltar o poema
Que eu tento;
Que às vezes convém,
Sim, que nada se fale
P'ra não estragar
O momento.


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sábado, julho 08, 2006

MAIS FLORBELA ESPANCA


Árvores do Alentejo


Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

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