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terça-feira, julho 08, 2008

PRIMEIRA PÁGINA

Primeira página do Jornal Meia Hora de hoje, dia 08 de julho de 2008:




As frases em vermelho, que estão meio ilegíveis são:
- PMs acusados de matar diarista no Complexo da Penha
- PMs suspeitos de matar garoto de 6 anos no Muquiço
- Soldados do Exército presos com carro roubado
- Policial civil comandou tortura a jornalistas
- Bombeiro fazia avião com carro de promotora


Eu acredito que existam pessoas honestas no governo, nas forças armadas, militares, paramilitares e afins, sim...
Mas que está cada vez mais difícil confiar nas instuituições que deveriam cuidar do país e do povo, é inegável.

Não preciso/não quero dizer mais nada.

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quinta-feira, março 15, 2007

RODA VIVA


"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu..."

Assim começa uma música linda, do grande Chico Buarque. E como tem dias em que a gente pode se sentir assim...

Esse último mês aqui no Rio a coisa ficou feia... ou sempre foi feia e só se mostrou mais uma vez.

A violência fez um monte de vítimas, desde o brutal assassinato do João Hélio a muitas vítimas de balas perdidas. Pra quem fica, a dor é a mesma.

A mãe de Alana, menina de treze anos, morta por uma bala perdida quando voltava da creche onde tinha deixado o irmão mais novo, foi entrevistada por um repórter que perguntou quais os sonhos que Alana tinha. A resposta doeu lá dentro: “Moço, quem nasce no morro não tem sonho, não”.

Às vezes eu choro os meus sonhos destruídos, as minhas dores... tudo parece tão grande! Mas quando vejo o que ocorre a minha volta, percebo como eu tenho tão pouco do que reclamar!

Essa semana um rapaz foi morto dentro de casa, num bairro onde fizemos evangelismo com o pessoal da igreja em janeiro. Carlos, 19 anos, morava na rua Tomaz Rabelo, na Cidade Nova. A rua dele não estava entre as que seriam de minha responsabilidade visitar durante o projeto. Sei que alguém da equipe deve ter passado por lá. Tomara que ele tenha tido a chance de ouvir sobre o amor de Deus...

Nessa semana eu ouvi o pastor Russell Shedd. Ele é um dos grandes pregadores da atualidade. Aliás, eu o ouço desde sempre; foi uma das minhas referências como homem de Deus.

Ele falou sobre o papel da família na teologia paulina. Para resumir (e muito), o que ele disse foi que a família é a base da sociedade e que enquanto as famílias forem o que vemos hoje, não vai mudar muita coisa. Pra ele, a solução é um verdadeiro avivamento; aí sim, teríamos as famílias restauradas e a sociedade mais justa.

Enquanto isso, vamos vivendo a nossa roda-viva...



RODA-VIVA
Chico Buarque


Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mais eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
No volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá

Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

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quinta-feira, fevereiro 08, 2007

CENA DE CINEMA


Cena de Cinema; cena de filme de horror.
Não, não escrevi errado. Não é filme de terror. É filme de horror, mesmo.

Hoje, logo cedo, como faço todo dia, liguei o computador e vim dar uma checada nas noticias do jornal. O que eu vi me deixou sem saber o que pensar, como se alguma coisa em mim tivesse sido desligada.

João, um menino de seis anos, foi arrastado por bandidos que roubaram o carro onde ele estava por seis quilômetros. Os outros ocupantes, a mãe e a irmã de João, conseguiram sair do carro, mas João, não.

João ficou pendurado pelo cinto de segurança e os bandidos arrancaram com o carro. Percorreram quatro bairros, rodaram por dez minutos.

Eles sabiam que o menino estava lá. Andavam em zig-zag; será que queriam se ver logo livres da carga?

Quando chegaram a uma rua sem saída, abandonaram o carro e o pequeno corpo sem vida. E fugiram por uma estreita escadaria.

Eu fiquei sem palavras. Sem pensamentos.
Agora, algumas coisas me passam pela mente. Pela minha mente de mãe. E não consigo imaginar a dor daquelas mulheres. Não consigo porque parece que o cérebro me bloqueia as imagens. Porque quando a gente tem filho, a gente tende a ver no filho da gente o sofrimento dos filhos dos outros. E eu não consigo, não quero, não posso imaginar minha filha naquela situação. Naquele filme de horror.

Sempre odiei esse tipo de filme. Não vi nenhum deles. “O massacre da serra elétrica”, “Sexta feira 13”, “Jogos mortais”... não vi, não quero ver, não quero que me contem. São horríveis, mas, são apenas ficção. Ficção de horror, mas ficção.

A história de João não foi ficção.
Não foi:
tomada 1 - João tenta se livrar do cinto; a mãe se desespera porque não consegue; a irmã chora; João cai e fica pendurado... corta! (João se levanta e é substituído por um boneco igualzinho a ele)
tomada 2 - os bandidos arrancam com o carro e joão-boneco é arrastado enquanto bate com a cabeça e o corpinho na rua; pequenos pedaços de joão-boneco se esparramam no chão; uma trilha de sangue marca o caminho enquanto o carro se afasta...

Não, a história de João não foi ficção. João não era um boneco. João era um menino, como tantos outros por aí.

Deus tenha misericórdia da família de João.
Deus tenha misericórdia dos rapazes que colocaram um “the end” na história de João.
Deus tenha misericórdia de todos nós, que assistimos a tudo isso como quem vê um filme, um filme de horror, dando graças por não ter acontecido com um dos nossos meninos.


Marcia
(ainda sem palavras e com pensamentos bloqueados)

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