"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu..."
Assim começa uma música linda, do grande Chico Buarque. E como tem dias em que a gente pode se sentir assim...
Esse último mês aqui no Rio a coisa ficou feia... ou sempre foi feia e só se mostrou mais uma vez.
A violência fez um monte de vítimas, desde o brutal assassinato do João Hélio a muitas vítimas de balas perdidas. Pra quem fica, a dor é a mesma.
A mãe de Alana, menina de treze anos, morta por uma bala perdida quando voltava da creche onde tinha deixado o irmão mais novo, foi entrevistada por um repórter que perguntou quais os sonhos que Alana tinha. A resposta doeu lá dentro: “Moço, quem nasce no morro não tem sonho, não”.
Às vezes eu choro os meus sonhos destruídos, as minhas dores... tudo parece tão grande! Mas quando vejo o que ocorre a minha volta, percebo como eu tenho tão pouco do que reclamar!
Essa semana um rapaz foi morto dentro de casa, num bairro onde fizemos evangelismo com o pessoal da igreja em janeiro. Carlos, 19 anos, morava na rua Tomaz Rabelo, na Cidade Nova. A rua dele não estava entre as que seriam de minha responsabilidade visitar durante o projeto. Sei que alguém da equipe deve ter passado por lá. Tomara que ele tenha tido a chance de ouvir sobre o amor de Deus...
Nessa semana eu ouvi o pastor Russell Shedd. Ele é um dos grandes pregadores da atualidade. Aliás, eu o ouço desde sempre; foi uma das minhas referências como homem de Deus.
Ele falou sobre o papel da família na teologia paulina. Para resumir (e muito), o que ele disse foi que a família é a base da sociedade e que enquanto as famílias forem o que vemos hoje, não vai mudar muita coisa. Pra ele, a solução é um verdadeiro avivamento; aí sim, teríamos as famílias restauradas e a sociedade mais justa.
Enquanto isso, vamos vivendo a nossa roda-viva...
RODA-VIVA
Chico Buarque
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mais eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
No volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
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Um comentário:
Enfim, depois de três tentativas:
Às vezes me pego pensando numa solução para estes assuntos:
1 - Napalm!!!! Destrói tudo e constrói campo de futebol, assim todo mundo realiza o sonho de ser jogador de futebol...
2 - Fecha as entradas e não deixa nenhuma pessoa de outro estado vir pro Rio achando que 'aqui a minha vida vai mudar', pq não vai!
3 - Muro nos morros (projeto belíssimo que sumiu)
4 - Jesus! Ôpa, Jesus? É a melhor solução, mas não existe mão de obra disponível o suficiente e dá muito trabalho evangelizar, né? A gente prefere sei lá, qualquer outra coisa...
(falei, falei e não disse nada...)
Enfim2, o comentário que sumiu tava melhor (ou não, este é um mistério que ficará para sempre em nossos corações)
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