sábado, dezembro 08, 2007

CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO





Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.


Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

não cantaremos o ódio, porque esse não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte,

depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos

nascerão flores amarelas e medrosas.


Carlos Drummond de Andrade

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