Hoje me lembrei dele, por isso, ele está aqui.
Ela caminha pelo deserto.
A pele ressequida pelo sol reflete a secura da alma.
Os pés queimados pelo calor da areia se esforçam para dar o próximo passo... Aliás, qual o próximo passo?
Os olhos, tristes como os de Carolina, guardam dor... tanta dor que já não brilham, nem refletem as estrelas.
No peito, leva a esperança do cumprimento de uma promessa: águas brotando do deserto, terra seca se transformando em lagos, verde florescendo no deserto...
Os pés queimados pelo calor da areia se esforçam para dar o próximo passo... Aliás, qual o próximo passo?
Os olhos, tristes como os de Carolina, guardam dor... tanta dor que já não brilham, nem refletem as estrelas.
No peito, leva a esperança do cumprimento de uma promessa: águas brotando do deserto, terra seca se transformando em lagos, verde florescendo no deserto...
E quando já não acreditava em sonhos, ela vê o oásis!
Ela vê as águas, o verde, as flores! E se atira, de corpo e alma nas águas que refrescam a pele, abrandam as queimaduras dos pés... Nos olhos, as estrelas brilham novamente! No coração, a certeza da promessa cumprida...
Como criança, esquece dos cuidados, e se delicia com aquilo que vê no oásis...
Paz!
De repente, um vento quente e seco começa a soprar... e tudo se esvai numa tempestade de areia...
Oásis? Não. Miragem!
Ajoelhada no deserto ela vê areia onde havia enxergado água. Ela vê areia onde antes havia o verde, as flores. No olhar, as estrelas se apagam. Areia escorre pelas suas mãos que em concha se enchiam de água fresca e restauradora. No coração, a dor da promessa ainda não cumprida...
E ela caminha pelo deserto...
A pele ressequida...
Os pés queimados...
Os olhos tristes...
No peito, dor...
Solidão!
A pele ressequida...
Os pés queimados...
Os olhos tristes...
No peito, dor...
Solidão!
Marcia Carvalho, janeiro de 2006
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